Somália: país oficialmente sem guerra mas onde a violência não dá trégua

MSF suspendeu as atividades em Galcayo por causa do alto índice de violência que ameaça profissionais de saúde e pacientes. A Somália tem um dos piores indicadores de saúde do mundo. 10% das crianças morrem durante o parto, e 25% antes dos cinco anos.

Mais de 500 pessoas já foram tratadas nos primeiros seis meses de 2005 por MSF com ferimentos relacionados à violência, nos únicos dois hospitais da cidade de Galcayo, na região central da Somália, alerta a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). O sofrimento dos somalianos vem recebendo pouca atenção por parte de organizações de ajuda humanitária e da comunidade internacional.

Na região de Mudug, onde estima-se que há 350 mil habitantes, MSF está sendo obrigada a controlar dois hospitais em separado, um no norte e outro no sul da principal cidade Galcayo, porque pacientes não podem cruzar a fronteira imaginária que divide a cidade em duas regiões. Nos primeiros seis meses de 2005, no norte, os médicos de MSF trataram 397 pacientes com ferimentos relacionados à violência. Desses, 224 foram feridos a bala, enquanto 135 foram ferido a facadas e outros 38 sofreram ataques físicos. No hospital da região sul da cidade, apenas nos primeiros três meses de 2005, 106 pacientes foram tratados com ferimentos de bala. A maioria, mulheres e crianças.

“O fato que mais assusta é que a Somália não está oficialmente em guerra”, explica o Coordenador Geral de MSF no país, Colin Mcllreavy. “Este nível de violência é simplesmente o reflexo da brutalidade da vida diária para as pessoas que vivem nesse país. A extrema violência vem se tornando parte do dia-a-dia, e os efeitos na população são catastróficos”.

Somália – um país sem governo há 14 anos – não tem um sistema de saúde em funcionamento e apresenta um dos piores indicadores de saúde do mundo. Mais de uma em cada dez crianças morre ao nascer e daquelas que sobrevivem, 25% morrem antes de completar cinco anos de idade.

MSF está sendo obrigada a suspender temporariamente suas atividades de saúde por causa da violência, ou da ameaça de violência contra profissionais de saúde e pacientes. “A violência limita seriamente o trabalho de MSF e de outras organizações”, explica Colin. “Sabemos que a enorme quantidade dos ferimentos relacionados à violência que tratamos é apenas a ponta do iceberg. A violência limita seriamente o acesso das pessoas às nossas estruturas de saúde”.

MSF também está oferecendo cuidados de saúde na capital da Somália, Mogadíscio, e nas regiões de Bakool, Baixo Juba e Western Bay.

Para maiores informações, relatórios e fotografias de projetos de MSF na Somália visite www.msf.org/solamia

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