Somália: ciclone Gati causa estragos na costa da Puntlândia

MSF faz parceria com autoridades de saúde locais para ajudar famílias deslocadas na cidade de Bosaso

Somália: ciclone Gati causa estragos na costa da Puntlândia

O ciclone tropical Gati atingiu a costa da Puntlândia, no norte da Somália, no final de novembro de 2020, incluindo a principal cidade, Bosaso, com uma população de quase 500 mil pessoas. O ciclone foi seguido por chuvas sem precedentes que causaram inundações generalizadas.

A destruição causada pelas inundações afetou um grande número de pessoas que haviam sido desalojadas por causa da violência, da seca ou de enchentes recorrentes nos anos anteriores e que haviam se estabelecido em abrigos improvisados e acampamentos informais em terrenos baldios, sujeitos a inundações nos arredores da costa de Bosaso. Cerca de 40 mil pessoas deslocadas que vivem no bairro de Balade, no oeste da cidade, foram particularmente atingidas.

“As famílias buscaram refúgio e se estabeleceram em uma área baixa e sujeita a inundações, perto de um enorme depósito de lixo informal”, disse Abdikarim Tahir Gure, coordenador-adjunto de Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Somália. “As tempestades e as fortes chuvas do ciclone Gati danificaram gravemente os abrigos e destruíram a maioria dos pertences.”

“Constatamos que as pessoas precisam de alimentos, abrigo, água potável e latrinas”, diz Abdikarim. “Estamos preocupados com o potencial de propagação de doenças transmitidas pela água e por vetores, como cólera e malária, devido à falta de higiene e à superlotação. Também estamos preocupados com a desnutrição infantil devido à escassez de alimentos. As pessoas aqui já estavam lutando para sobreviver no contexto da pandemia de COVID-19. Muitas simplesmente não podem arcar com os preços crescentes de alimentos básicos.”

Como medida preventiva, equipes de MSF, em parceria com autoridades de saúde locais, distribuíram suplementos alimentares de alta energia, conhecidos como Plumpy’Nut, para todas as famílias do bairro de Balade. As equipes também distribuíram cobertores, colchões, mosquiteiros, sabonetes e galões para coleta e armazenamento de água, e organizaram uma limpeza e coleta de lixo em torno dos acampamentos no oeste da cidade para ajudar a melhorar as condições de vida das pessoas.

MSF também treinou 25 profissionais de saúde locais sobre prevenção e tratamento da cólera e equipou as autoridades de saúde locais com um kit de tratamento com capacidade para tratar mais de 600 pacientes da doença.

“Estamos preocupados com o acesso das pessoas a água potável e saneamento adequado”, disse Abdikarim. “É muito importante mobilizar e trazer recursos rapidamente para melhorar as condições precárias de água e saneamento para prevenir a propagação de doenças – especialmente considerando que Bosaso é propenso à cólera, com os surtos mais recentes em 2018, 2019 e fevereiro de 2020.”

A resposta de curto prazo de MSF está sendo realizada em parceria com autoridades de saúde locais, outras instituições governamentais e a comunidade. “Esta é a nossa primeira visita à cidade, e nossa equipe priorizou o apoio aos deslocados mais vulneráveis, especialmente os que vivem em Balade”, diz Abdikarim. “As autoridades locais e a comunidade receberam bem o nosso apoio de emergência às pessoas afetadas pelo ciclone.”

Equipes de MSF também estão trabalhando em outras áreas da Somália para prestar atendimento médico às pessoas. “Buscamos garantir que as pessoas tenham acesso a cuidados médicos em áreas da Somália onde as necessidades são críticas e onde as condições de segurança o permitem”, disse Abdikarim. “Embora isso seja certamente um desafio, podemos contar com nossa equipe médica somali dedicada, muitos dos quais já trabalharam com MSF, para ampliar o acesso à saúde na Somália.”

MSF realiza atividades médicas regulares em hospitais na Somália, com foco em saúde materna, atendimento pediátrico, atendimento de emergência, suporte nutricional e diagnóstico e tratamento da tuberculose e da tuberculose multirresistente a medicamentos. Em alguns lugares, MSF também mantém clínicas móveis para levar cuidados a deslocados internos.

 

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