Sete perguntas e respostas sobre o HIV/Aids

No Dia Mundial da Luta contra a Aids, MSF responde a algumas dúvidas sobre o assunto.

Foto: Charmaine Chitate/MSF

Você pode não ver o HIV/Aids no noticiário todos os dias como antes, quando a doença foi descoberta, mas a crise está longe de terminar. No final de 2021, estimava-se que cerca de 38,4 milhões de pessoas viviam com o HIV no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E, no mesmo período, que havia aproximadamente 960 mil pessoas vivendo com HIV no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. No entanto, cerca de 150 mil pessoas foram diagnosticadas, mas não estavam sob tratamento, aponta o Relatório de Monitoramento Clínico do HIV 2021, do Ministério da Saúde.

O mundo percorreu um longo caminho na luta contra a Aids, mas alguns grupos ainda enfrentam dificuldades de acesso a serviços de saúde. Temos que agir agora, ou todo o progresso que conquistamos estará em perigo.

A médica Jennifer Marx, diretora da Unidade Médica Brasileira (BRAMU), e o epidemiologista Fernando Reis respondem a algumas dúvidas sobre o HIV/Aids. Confira:

1. Qual a diferença entre HIV e AIDS?

Foto: Ben Small/MSF

HIV significa vírus da imunodeficiência humana. O HIV é um vírus que ataca o sistema de defesa do organismo, conhecido como sistema imunológico. Sem tratamento, a maioria das pessoas que vivem com HIV torna-se incapaz de combater agentes infeciosos e outras doenças.

O sistema imunológico é considerado deficiente quando não consegue mais cumprir sua função de combater infecções e doenças. Pessoas com imunodeficiência são muito mais vulneráveis a uma ampla gama de infecções.

As pessoas que vivem com HIV podem não apresentar sintomas por dez anos ou mais; elas podem nem saber que estão vivendo com o vírus. Fazer o teste de HIV é a única maneira de descobrir se uma pessoa está vivendo com HIV.

AIDS significa síndrome da imunodeficiência adquirida. É um estágio tardio da doença pelo HIV. O nível de imunodeficiência ou o aparecimento de certas infecções são usados como indicadores de que a infecção pelo HIV evoluiu para AIDS.

2. A pessoa é exposta ao HIV somente se tiver relações sexuais desprotegidas?

Foto: – Isabel Corthier/MSF

O HIV é transmitido quando o vírus, que está presente no sangue, sêmen ou fluidos vaginais de uma pessoa vivendo com HIV que não tem supressão viral (ou seja, carga viral a níveis indetectáveis ) entra na corrente sanguínea de outra pessoa.

O HIV é transmitido pelo sexo, pelo compartilhamento de agulhas contaminadas e também pode ser transmitido da mãe para o filho durante a gravidez e o parto.

Obtenha informações sobre o teste de HIV e conheça seu próprio status.

 

3. Beijo na boca transmite HIV?

O vírus não pode ser contraído por meio do contato normal do dia a dia, como beijos, abraços, apertos de mão ou compartilhamento de objetos, comida ou água.

Compartilhe as informações com a sua comunidade de que o HIV não é transmitido por contato casual.

 

4. Como podemos reduzir o risco de exposição ao vírus?

Foto: Tommy Trenchard/Panos Pictures

• Se você vive com HIV ou tem um parceiro/parceira que vive com HIV, estar em tratamento da forma correta permite manter uma carga viral indetectável (ou seja, a pessoa está com supressão viral). Se a pessoa tem uma carga indetectável por seis meses ou maiso risco de transmissão por sexo é quase nulo.

• Usar camisinha de forma consistente e correta toda vez que você faz sexo é extremamente eficaz na prevenção do HIV.

• Usar Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) – uma pílula de uma vez ao dia indicada para indivíduos HIV negativos que avaliam estar expostos a um maior risco de adquirir a infecção, a fim de preveni-la. Quando tomada consistentemente, a PrEP demonstrou reduzir o risco de HIV em 92-99%. Em caso de dúvidas sobre o uso de PrEP, procure um profissional de saúde.

• Sempre utilizar equipamento de injeção/tatuagem estéril e não compartilhar agulhas de injeção.

Se teve um resultado positivo ao ser testado(a) para HIV, você deve consultar o médico assim que possível para começar o tratamento.

 

5. Pessoas em tratamento transmitem o HIV?

Foto: Chris Huby/MSF

Quando alguém toma sua medicação para o HIV diariamente, com o tempo, essa pessoa se torna viralmente suprimida (também conhecida como indetectável). Indetectável significa que o vírus está presente em níveis tão baixos que não é detectado no sangue. Uma pessoa vivendo com HIV que está em tratamento para HIV e com supressão viral por seis meses ou mais não tem risco de transmitir o HIV para um parceiro ou uma parceira através do sexo.

Isso não significa que o tratamento do HIV substitua os preservativos, mas dá às pessoas vivendo com HIV mais opções de sexo seguro e reduz o risco geral de transmissão subsequente.

Se fez tratamento antirretroviral (TARV) alguma vez na vida e interrompeu, busque cuidados médicos para continuar o tratamento.

 

6. Pessoas que vivem com HIV não precisam usar camisinha se o parceiro ou a parceira também tiver o vírus?

Se você e seu parceiro ou sua parceira vivem com HIV, ainda precisam praticar sexo seguro. Use camisinha toda vez que fizer sexo vaginal, oral ou anal. Os preservativos podem protegê-los de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Além disso, como existem diferentes cepas (tipos) de HIV, você pode ser infectado uma segunda vez com um tipo diferente do que já tem. Algumas formas de HIV também são mais virulentas, o que significa que progridem para a Aids mais rapidamente. Você pode se infectar com uma cepa de HIV resistente a medicamentos. Isso pode dificultar muito o funcionamento do tratamento.

Se fez sexo sem proteção, se teste. Qualquer pessoa pode ser infectada pelo vírus.

7. Por que o teste de HIV é importante?

Foto: Albert Masias/MSF

O teste é importante porque é a única maneira de saber se você tem HIV. Quanto mais cedo o HIV for detectado, mais provável será o sucesso do tratamento. Qualquer pessoa pode ser infectada pelo HIV. Estima-se que quase 110 mil pessoas vivem com HIV no Brasil e ainda não foram diagnosticadas, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Obter tratamento precoce para o HIV ajudará a mantê-lo(a) saudável e evitará a transmissão da doença a outras pessoas.

 

Médicos Sem Fronteiras (MSF) trabalha com o atendimento a pessoas que vivem com HIV desde 2000. Em 2021, mais de 37 mil pessoas vivendo com HIV receberam cuidados diretos de MSF; outras quase 50 mil pessoas estavam recebendo tratamento em programas apoiados por MSF. MSF está desenvolvendo abordagens para melhorar o atendimento pediátrico e de adolescentes com HIV e a oferta de cuidados em contextos negligenciados.

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