Sete crises com pouca atenção da mídia que você deveria saber

MSF compartilha algumas das maiores emergências humanitárias que estão acontecendo ao redor do mundo.

Foto: Pablo Tosco/Angular

Milhões de pessoas estão sofrendo nesse momento por consequência de conflitos em pelo menos 30 países do mundo. Regiões onde confrontos armados são rotineiros, causando dor, perdas, violências, deslocamentos, exclusão do acesso à saúde e forte impacto na saúde mental de cada uma delas.

Todos os dias, somos testemunhas dos terríveis sofrimentos a que essas populações são submetidas ao redor do mundo. Continuamos ao lado de nossos pacientes, onde quer que estejam, sempre nos comprometendo com nossos princípios, que incluem neutralidade e imparcialidade. É preciso dar visibilidade às crises humanitárias das quais praticamente não se fala e levar o conhecimento acerca do sofrimento vivido por essas pessoas. Confira algumas das maiores emergências em que MSF atua:

1 – Violência extrema no Sudão do Sul

Foto: Sean Sutton/MSF

Perto de completar onze anos de independência, o Sudão do Sul é prejudicado pelo legado sangrento de sua primeira década, incluindo uma guerra civil de seis anos. Estima-se que o conflito já tenha causado 400 mil mortes, muitas delas de civis, incluindo crianças e idosos. Parte da violência mais extrema foi realizada em locais de refúgio e santuários, incluindo hospitais estaduais, onde pacientes e pessoas que buscavam abrigo foram mortos em uma série de ataques brutais. Milhões de pessoas foram deslocadas, em diversos momentos, dentro e fora do Sudão do Sul. Hoje, 8,3 milhões de pessoas – mais de dois terços da população – estão em extrema necessidade de assistência humanitária e proteção.

2 – Altos níveis de desnutrição no Afeganistão

Foto: Sandra Calligaro/MSF

Décadas de conflito, desastres naturais recorrentes, deslocamento interno generalizado, pobreza extrema e um sistema de saúde frágil têm prejudicado milhares de vidas todos os anos no Afeganistão. Cerca de 22,8 milhões de pessoas são identificadas com insegurança alimentar aguda*. A desnutrição é preocupante, em particular para mulheres, crianças e populações mais vulneráveis. Os centros de alimentação terapêutica para pacientes internados de MSF nas províncias de Herat e Helmand continuam operando acima da capacidade. Há mais internações do que leitos disponíveis. As taxas de desnutrição estão crescendo, e dois milhões de crianças estão desnutridas no Afeganistão*.

*Fonte: Programa Alimentar Mundial (PAM)

3 – Ajuda humanitária em risco na Etiópia

Foto: Susanne Doettling/MSF

Desde 2020, a Etiópia vive sob as hostilidades extremas de um conflito civil. A situação é ainda mais preocupante na região de Tigré, no norte do país, onde grupos armados pressionam os habitantes a deixar para trás suas casas e tudo o que têm, gerando uma onda de deslocamento de milhões de pessoas para outras regiões da Etiópia. Com os frequentes ataques aos profissionais de ajuda humanitária, muitas organizações que prestam serviços essenciais às populações locais são obrigadas a suspender suas atividades. No último ano, três profissionais de Médicos Sem Fronteiras (MSF) foram assassinados na região de Tigré, o que nos obrigou a suspender algumas atividades nas cidades de Abi Adi, Adigrat e Axum.

4 – Forçados a fugir de Mianmar

Foto: Pablo Tosco/MSF

Apesar da crise humanitária envolvendo a população Rohingya em Mianmar não ser recente, em 2017, ataques violentos do Estado forçaram cerca de 700 mil pessoas a fugir em busca de um lugar seguro. As consequências desses ataques geram problemas graves a mais de 1 milhão de refugiados que convivem não apenas com o trauma gerado pela violência, mas também pelas condições precárias dos acampamentos de refugiados superlotados em que vivem. Ao redor de Cox’s Bazar, em Bangladesh, está o maior campo de refugiados do mundo, com quase 900 mil pessoas, sendo cerca de 50% mulheres e crianças.

5 – Combinações perigosas em Moçambique

Foto: Igor Barbero/MSF

Ataques violentos e a insegurança contínua em vários distritos de Cabo Delgado, província moçambicana, levam milhares de pessoas a deixar suas casas apenas com o que podem carregar, muitas vezes em meio a estações de ciclones e chuvas. Esta é uma combinação muito perigosa. Moçambique é um dos países com maior risco de desastres naturais, enquanto a escalada da violência forçou o deslocamento de mais de 780 mil pessoas* afetadas por cinco anos de conflitos. A emergência climática intensifica a ocorrência de eventos climáticos extremos e agrava a crise humanitária no país.

*Fonte: Organização Internacional para Migrações (OIM)

6 – Como a guerra na Síria afeta mulheres e crianças

Foto: Chris Huby

Em guerra há mais de 11 anos, a Síria é um país que tem sido destruído pela violência e que vive a maior crise de deslocamento do mundo. Estima-se que mais de 13 milhões* de sírios foram forçados a deixar suas casas, desde 2011, em busca de um lugar mais seguro. No noroeste da Síria, 2,7 milhões de pessoas se encontram deslocadas de suas regiões, sendo 80% mulheres e crianças. Com menos recursos para se proteger, mulheres e crianças são diretamente afetadas pela guerra e compõem a maioria da população de deslocados e refugiados, já que os homens, muitas vezes, partiram para o campo de batalha. Sozinhas, essas mulheres vivem as consequências devastadoras deste conflito.

*Fonte: Acnur

7 – Iêmen: impacto na saúde mental

Foto: Hesham Al Hilali

Os mais de sete anos de guerra no Iêmen já causaram o deslocamento de milhões de pessoas e comprometeram gravemente o seu acesso a cuidados essenciais de saúde. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), o contexto de guerra já causou o deslocamento interno de 4,3 milhões de pessoas no país.

Os conflitos enfraqueceram um sistema de saúde já frágil, e as crises econômicas como consequência afetaram a vida de milhões de pessoas. Em sete anos, cerca de 23,4 milhões de iemenitas tornaram-se dependentes da ajuda humanitária no país, isso equivale a 73% da população*. “Mesmo se os conflitos acabassem amanhã, seus impactos à saúde mental das pessoas serão vistos e sentidos por muitos anos”, relata Antonella Pozzi, coordenadora de atividades psicossociais no país.

*Fonte: ONU

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