Saúde de imigrantes zimbabuanos em perigo após invasão à Igreja Metodista em Johanesburgo

Cerca de 300 pessoas foram levadas para a prisão, onde estão privadas de seus medicamentos e de cuidados de saúde

Após o ataque à Igreja Central Metodista em Johanesburgo, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está extremamente preocupada com as condições de saúde dos imigrantes zimbabuanos vivendo na África do Sul.

MSF acredita que a invasão e as condições carcerárias enfrentadas pelos imigrantes zimbabuanos vão deteriorar a saúde psicológica e mental do grupo. "A Constituição sul-africana garante o acesso aos serviços básicos de saúde para todos que vivem no país. Entretanto, operações devastadoras como a recente invasão da igreja metodista prejudicam o acesso aos serviços de saúde dos imigrantes zimbabuanos", disse Sharon Ekambaram, diretora geral de MSF no país.

Na manhã seguinte à invasão e prisão de aproximadamente 300 imigrantes, após intensas negociações, uma equipe de MSF teve acesso aos detidos no Distrito Policial John Vorster e conseguiu avaliar às condições de saúde deles. "Alguns suspeitavam de ter fraturado as costelas e, possivelmente, ter perfurado o pulmão depois de receber golpes. Outros estavam sob tratamento de HIV ou TB e não receberam a quantia necessária de comida para tomar seus medicamentos. Nós deixamos remédios para alguns pacientes, mas os oficiais de polícia não as deram, embora tivessem prometido que o fariam", disse a enfermeira de MSF Bianca Tollboom. Apesar de MSF ter pedido repetidamente que os pacientes fossem levados imediatamente para o hospital, eles continuaram encarcerados.

A equipe também identificou sinais de deterioração da saúde mental dos detentos. "As celas estavam superlotadas, os presos estavam assustados e famintos. Eles eram tratados aos gritos e agredidos verbalmente. Sentiam-se humilhados, choravam e alguns estavam em estado de pânico", contou Bianca Tolboom. "Essas ações aumentam o estado de estresse e medo desta já vulnerável população e podem fazer com que eles parem de procurar por cuidados de saúde", explicou Sharon Ekambaram.

Desde dezembro de 2007, MSF tem oferecido acesso a cuidados de saúde aos imigrantes que vivem na Igreja Central Metodista em Johanesburgo e na área de Musina, em Limpopo, facilitando seu acesso às estruturas de saúde. Embora o cuidado básico de saúde seja garantido para todos na África do Sul, incluindo imigrantes ilegais, falta informação com relação aos casos de prisão e deportação, impedindo o acesso aos cuidados de saúde dos imigrantes zimbabuanos.

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