Resposta à COVID-19 no leste da Ucrânia, região afetada por conflito

País também enfrenta um alto índice de doenças crônicas entre a população

Resposta à COVID-19 no leste da Ucrânia, região afetada por conflito

A Ucrânia é o único país europeu que enfrenta hoje um conflito armado. O sistema de saúde ucraniano já estava sob grande tensão, especialmente no leste, onde hostilidades esporádicas limitaram fortemente o acesso à saúde. A disseminação da COVID-19 agora ameaça sobrecarregar ainda mais a capacidade de saúde do país. A Ucrânia também está enfrentando uma escassez de profissionais – cerca de 25% dos médicos estão em idade de se aposentar.  A falta de equipamentos médicos e de proteção individual prejudica a resposta à pandemia de COVID-19. Também é bastante preocupante o fato de que quase 20% dos ucranianos infectados são profissionais de saúde; 19 deles morreram e cerca de dois mil permanecem doentes ou estão em convalescença. Além disso, as altas taxas de doenças crônicas tornam o leste da Ucrânia particularmente vulnerável à COVID-19.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) já prestava assistência médica às comunidades afetadas pelo conflito no país há alguns anos e, atualmente, está apoiando o Ministério da Saúde da Ucrânia na resposta à COVID-19 nas regiões de Donetsk e Zhytomyr.

As equipes de MSF estão prestando atendimento domiciliar a pessoas vulneráveis que moram perto da zona de conflito, para aliviar a pressão sobre as poucas estruturas de saúde que permanecem abertas na região. Temos duas equipes móveis em Mariinka, na região de Donetsk, para reforçar os serviços de saúde e proteger os funcionários idosos do Ministério da Saúde da exposição à COVID-19. Nossas equipes também fazem rastreamento de contato, triagem e atendimento domiciliar para pessoas com sintomas leves. Elas encaminham pacientes que necessitam de hospitalização e auxiliam na coleta de amostras para testes em laboratórios designados pelo Ministério da Saúde.

Até agora, quase 170 profissionais do Ministério da Saúde em Donetsk e Zhytomyr foram treinados sobre o uso adequado de equipamentos de proteção, prevenção e controle de infecções, como gerenciar o fluxo de pacientes por meio de triagem, isolamento e gerenciamento seguro de resíduos. O atendimento psicológico para a equipe médica, pacientes e comunidade também está disponível por telefone, para que as pessoas possam lidar com o estresse acumulado de conflitos e confinamentos.

“Alguns dos pacientes que visitamos estão em contato com as hostilidades do conflito todos os dias, moram em casas danificadas… Lembro-me de uma família jovem com quatro filhos em uma casa onde a porta e as janelas quebradas não fecham”, diz a médica de MSF Olga Taushan.  

Segurança dos profissionais de saúde

“Visitamos cerca de um terço das instalações designadas para tratar pacientes de COVID-19 na região de Zhytomyr. Os profissionais de saúde estão bastante motivados, apesar dos desafios que enfrentam no tratamento de pacientes. As instalações demoraram a implementar medidas de controle de infecção e ainda há problemas com o uso correto de equipamentos de proteção individual”, diz Marve Duka, referente médica do projeto de MSF. “Se eles não souberem colocar e retirar seus equipamentos de proteção corretamente ou estruturar adequadamente as áreas triagem e isolamento, por exemplo, os profissionais podem ser infectados, infectar uns aos outros e infectar pacientes em outras áreas do hospital.”

Serviços médicos em um ambiente com altas taxas de infecção e doenças crônicas
 
A Ucrânia está entre os países com a maior taxa de tuberculose multirresistente a medicamentos (TB-MDR) do mundo e também possui altas taxas de hepatite C, HIV, transtorno por uso de álcool, obesidade, distúrbios cardiovasculares e diabetes. Todos esses fatores parecem aumentar o risco de as pessoas que contraem COVID-19 desenvolverem sintomas graves. Todos os pacientes de MSF na Ucrânia se enquadram em um desses grupos.

É uma prioridade garantir que possamos continuar cuidando de nossos pacientes. Estamos assegurando o fornecimento de medicamentos pelo período anunciado de quarentena, compartilhando informações sobre como prevenir a COVID-19 e oferecendo apoio psicossocial a nossos pacientes, principalmente por telefone. Hoje, há 170 pessoas com tuberculose multirresistente em tratamento e continuamos a inscrever, em média, quatro pacientes por semana no nosso programa de tratamento – o mesmo número de antes da pandemia. Em Sievierodonetsk, continuamos a doar medicamentos para o programa local de HIV.

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