RDC: ataques contra campo de deslocados obrigam milhares a fugir e impedem oferta de ajuda

Pelo menos 3 mil pessoas que viviam no campo em Katanga, República Democrática do Congo, fugiram em busca de maior segurança. Casas foram queimadas, inclusive um centro de saúde de MSF, uma pessoa foi morta e inúmeras ficaram feridas

Um campo para pessoas deslocadas pela guerra, Mazwombe, no leste da República Democrática do Congo (RDC) foi atacado ontem pela manhã. Cerca de 3 mil pessoas que viviam no campo – a sete quilômetros de Mitwaba na província de Katanga – foram novamente forçadas a fugir.

“Casas foram queimadas – incluindo o centro de saúde de MSF -, uma pessoa foi morta e inúmeras ficaram feridas”, informa Laurence Sailly, Coordenador da Equipe de Emergência de MSF no Congo. “Os deslocados fugiram do campo na esperança de chegarem a um lugar seguro, acrescentando um novo capítulo à sua história de sofrimento”.

A região de Mitwaba é palco de violência recorrente e de insegurança persistente, obrigando os habitantes locais a fugirem das suas vilas e muitas vezes se esconderem na floresta por meses a fio. Desde outubro de 2004, mais de 15 mil pessoas foram assentadas em campos de deslocados temporários nos arredores da cidade, para escapar dos conflitos entre o exército congolês (FARDC) e os rebeldes Mai-Mai.

Desde meados de novembro de 2005, ofensivas realizadas pelo exército resultaram em novos deslocamentos de milhares de pessoas em toda região norte da província de Katanga. Centenas de famílias fugiram quando as tropas do exército (FARDC) seguiram para o norte da cidade de Kilwa perseguindo os rebeldes. Até o momento, mais de 2 mil pessoas já chegaram às cidades de Dubie e Mutabie, após andarem dias, negociando nos pontos de controle de segurança, e sujeitos às perguntas arbitrárias por parte dos militares. A maioria já havia sido deslocada anteriormente.

MSF acredita que muitos milhares de civis necessitam urgentemente de assistência. Mas sem acesso a áreas próximas à linha de frente dos combates fica impossível fazer uma estimativa confiável do número de pessoas em apuro. Autoridades civis e militares estão impedindo as organizações de ajuda humanitária de avaliarem a situação e atenderem às necessidades das populações no norte de Mitwaba e Dubie.

MSF manifesta sua enorme preocupação em relação à nova onda de violência e suas conseqüências para os civis que vivem na região. “Apesar da gravidade da situação, os ataques violentos e os deslocamentos não estão sendo noticiados tanto em nível nacional quanto internacional. Há uma falta gravíssima de assistência para essas populações, que estão igualmente negligenciadas pela comunidade humanitária como um todo”, diz Brice de le Vingne, Coordenador de Operações de MSF na região dos Grandes Lagos na África. “MSF pede por acesso imediato à população necessitada”.

Em resposta a esses desdobramentos, MSF enviou suprimentos de saúde e de ajuda humanitária adicionais, assim como profissionais extras para a região.

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