RCA: novo relatório de MSF investiga violência aguda e falta de proteção sofrida por civis

Ataques investigados na República Centro-Africana deixaram quinze mortos e 29 feridos

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Em seis anos, a população da República Centro-Africana (RCA) não sentiu quase nenhum alívio do conflito. As terríveis consequências da violência em curso foram observadas por equipes da organização internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). Nos últimos meses, grupos armados atacaram civis deliberadamente em cidades como Batangafo, Alindao e Ippy, onde MSF ajudou as vítimas da violência.

Hoje, MSF publica os resultados de sua investigação sobre os ataques contra civis ocorridos em novembro de 2018 na cidade de Batangafo, onde mantém um hospital há 12 anos. Quinze pessoas morreram e 29 ficaram feridas, casas foram incendiadas e destruídas e mais de 20 mil pessoas foram desalojadas dos campos para deslocados. Alguns dos serviços hospitalares de MSF foram interrompidos depois que mais de 10 mil pessoas buscaram refúgio dentro do complexo hospitalar.

O relatório de MSF descreve os eventos de novembro de 2018, as consequências dos eventos e a falta de proteção oferecida aos civis. Ele destaca a violência perpetrada por grupos armados contra civis e a ineficácia da missão de manutenção da paz da ONU na RCA, conhecida como MINUSCA. As forças de paz da ONU enviadas para Batangafo não conseguiram impedir os ataques, resultando em mortes e deslocamentos. “A MINUSCA era responsável pela proteção de civis”, diz o coordenador-geral de MSF, Omar Ahmed Abenza. “No entanto, eles foram incapazes de fazer isso”.  

Em meio a violência, o próprio hospital de MSF ficou sob ameaça, impedindo que os doentes e feridos acessassem seus serviços. “O hospital foi ameaçado e acusado pelos grupos armados de abrigar ‘inimigos’”, diz Ahmed Abenza. “Homens armados e barreiras nas estradas foram colocados em toda a cidade, bloqueando o acesso ao hospital para muitos necessitados. Isso mostra uma inaceitável falta de respeito à missão médica, conforme estipulado no Direito Internacional Humanitário”.

A série de ataques recentes contra civis em Batangafo, Alindao e Ippy são indicativos da natureza altamente volátil do conflito e da falta de proteção oferecida aos civis. MSF está extremamente preocupada com as consequências da violência na capacidade de pessoas terem de acesso a cuidados médicos. Muitas pessoas que precisam são incapazes de receber tratamento para doenças comuns – mas evitáveis, como a malária – para dar à luz com segurança em um hospital ou para acessar outros serviços básicos de saúde.

“A maioria das vítimas da violência são pessoas comuns”, diz Ahmed Abenza. “Os civis em Batangafo ficaram sem proteção efetiva”.

 

MSF trabalha na República Centro-Africana desde 1997. Independente de todos os poderes políticos ou militares, MSF gerencia 12 projetos em 7 das 16 províncias da RCA. As equipes de MSF oferecem cuidados de saúde para todos que precisam, independentemente de raça, religião ou ideologia.

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