Quênia: O campo de refugiados de Ifo II permanece vazio enquanto dezenas de milhares de refugiados Somalis vivem em condições inaceitáveis a menos de 10 km de distância

Apesar de diversas agências humanitárias, incluindo Médicos Sem Fronteiras, estarem prontas para levar ajuda às mais de quatrocentas pessoas que chegam diariamente, as negociações para abertura do novo campo continuam bloqueadas.

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O campo de refugiados Ifo II foi criado para abrigar o fluxo constante de milhares de pessoas que fogem da guerra e da seca na Somália. Mas dois meses após o dia em que os refugiados deveriam ter sido reassentados (dia 2 de novembro), o campo Ifo II continua vazio, enquanto milhares de refugiados vivem em péssimas condições humanitárias nas proximidades do já congestionado campo de Dagahaley em Dadaab.

Apenas nas duas primeiras semanas de janeiro, quase 6 mil refugiados fizeram a perigosa viagem da Somália até Dadaab. Entretanto, ao invés de encontrar a assistência e proteção necessárias, os refugiados estão vivendo em condições indignas e inaceitáveis fora do campo devido ao bloqueio das negociações.

“As condições estão abaixo dos padrões humanitários internacionais mínimos. Os refugiados têm acesso escasso à água, comida, itens não-alimentares e abrigo. Não existem latrinas, fazendo da defecação a céu aberto a única opção, e assim aumentando o risco de disseminação de doenças, particularmente nesse grupo vulnerável que já está fugindo de guerra há anos”, disse Elena Estrada, assessora para assuntos humanitários de MSF.

Em novembro passado, MSF já havia alertado para a situação dos refugiados em assentamentos espontâneos fora de Dagahaley, onde os abrigos e alimentos foram destruídos após fortes chuvas, deteriorando ainda mais as condições de vida miseráveis e o estado de saúde dos refugiados

Insegurança é outro problema que esses refugiados enfrentam. A maioria das pessoas que chegam são crianças, mulheres e idosos. Viver fora dos campos significa que eles têm pouca ou nenhuma proteção e estão vulneráveis a ainda mais violência.

No Ifo II, agências de ajuda estão esperando para reassentar os refugiados em uma área equipada com água limpa, acessível em condições seguras, bem como saneamento, escolas e serviços de saúde. Uma equipe médica de MSF está a postos desde outubro, pronta para atender os pacientes em uma estrutura de saúde temporária enquanto um hospital de 45 leitos está sendo construído.

Estabelecido no início de 1991, os campos de Dadaab foram planejados para abrigar 90 mil refugiados. Em 2008, os três campos foram declarados lotados e incapazes de receber mais refugiados. Dadaab atualmente abriga cerca de 308 mil refugiados. Após negociações com a comunidade local, líderes eleitos, administradores provinciais e membros do parlamento, em dezembro de 2009 o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) pôde ampliar o campo Ifo, aumentando em 80 mil a capacidade de acomodar refugiados. Em julho de 2010, MSF se comprometeu a providenciar cuidados de saúde em Ifo II. Apesar desse comprometimento para com a população de refugiados e do redirecionamento de recursos, MSF não pôde levar ajuda aos refugiados, pois Ifo II ainda não está operacional.

MSF faz um apelo urgente aos atores responsáveis envolvidos nas negociações para que possibilitem a imediata realocação dos refugiados do campo de Dagahaley em Dadaab para o campo de Ifo II.

MSF leva ajuda humanitária à população Somali desde 1992. A organização médico-humanitária começou a trabalhar em Dagahaley em março de 2009, oferecendo cuidados médicos incluindo cirurgia e serviços maternos, em um hospital de 100 leitos. Os quatro centros de saúde de MSF oferecem vacinação, cuidados de pré-natal e de saúde mental com uma média de 10 mil consultas por mês.

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