Possível fechamento de último ponto fronteiriço no Noroeste da Síria põe em risco o acesso a cuidados de saúde

MSF pede ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que renove a resolução transfronteiriça para o fornecimento de assistência humanitária por meio do corredor de Bab Al-Hawa para o Noroeste do país.

Foto: MSF

Das 4,4 milhões de pessoas que vivem no Noroeste da Síria, cerca de 4,1 milhões precisam de ajuda humanitária. Mais de 60% são pessoas deslocadas internamente (PDI). Em breve, elas perderão acesso a ajuda médico-humanitária extremamente necessária na região, a menos que a resolução transfronteiriça de número 2585 seja renovada pelo Conselho de Segurança da ONU no dia 10 de julho de 2022.

Os pontos transfronteiriços continuam a ser os únicos canais humanitários viáveis para atender às necessidades crescentes na região Noroeste do país. Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), desde 2014, 47,7 milhões de pessoas receberam assistência médica graças ao acesso permitido pelo corredor transfronteiriço.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) pede ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que renove a resolução transfronteiriça para que se possa prover assistência humanitária por meio do ponto de passagem de Bab Al-Hawa para o Noroeste da Síria.

Necessidades humanitárias crescentes

No Noroeste da Síria, a crise econômica e a COVID-19 agravaram a grave situação humanitária gerada por 11 anos de guerra, com o maior número registrado de pessoas vivendo em condição de extrema necessidade por assistência.

  • 4,1 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária no Noroeste da Síria.
  • 3,1 milhões de pessoas precisam de assistência médica.
  • 3,1 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar.
  • 2,8 milhões de pessoas estão deslocadas internamente (80% delas são mulheres e crianças).

Fonte: Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).

Se a resolução transfronteiriça não for renovada…

A não renovação da resolução transfronteiriça prejudicaria drasticamente e reduziria a oferta de ajuda médico-humanitária no Noroeste da Síria, além de agravar ainda mais a já precária situação humanitária em que se encontra a população na região.

“Se a provisão de suprimentos médicos for interrompida, existe o risco de que as pessoas percam o acesso a cuidados de saúde. Se este corredor deixar de existir, o acesso das pessoas a alimentos básicos, água e cuidados de saúde será drasticamente reduzido. Isso causaria a mortes que poderiam ser evitadas”, diz Claire San Filippo, coordenadora-geral de MSF na Síria.

A maioria dos hospitais e instalações de saúde não terá os suprimentos médicos necessários para operar, e a saúde e a vida dos pacientes estarão em risco.

“MSF seria forçada a revisar a escala e a qualidade do apoio em saúde prestado no Noroeste da Síria e não poderia mais oferecer o volume atual de suprimentos e atividades em atendimento às pessoas mais vulneráveis”, diz Filippo.

A resposta médico-humanitária de MSF tem sido possível graças à resolução transfronteiriça, que garante a disponibilidade de ajuda médica vital no país.

Nossas equipes estão presentes na Síria desde 2011, mas, desde o final de 2020, estamos cada vez mais dependentes dos comboios da Organização Mundial da Saúde (OMS), que atravessam o Noroeste da Síria por meio do corredor humanitário em Bab Al-Hawa transportando itens da nossa assistência médica essencial para a área.

Um total de 99% dos recursos médicos de MSF no Noroeste da Síria chegam às nossas equipes pelo corredor de Bab Al-Hawa.

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