Paquistão: MSF aguarda autorização para atuar

Após avaliar a situação dos deslocados gerados por novas batalhas, MSF pede às autoridades que equipes internacionais possam trabalhar em Dera Ismael Khan

O afluxo massivo de aproximadamente 300 mil pessoas que fugiram das batalhas no Waziristão do Sul está levando os hospitais do distrito de Dera Ismael Khan a extrapolarem sua capacidade para atender às necessidades das populações deslocadas e residentes. Apesar da assistência providenciada pelas autoridades, necessidades médicas agudas não estão sendo atendidas nos hospitais do local. A organização médica internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está pronta para montar um programa médico emergencial, providenciando tratamento gratuito, e está solicitando a autorização das autoridades paquistanesas para ser capaz de colocar isso em prática.

Na semana passada, uma equipe de MSF conseguiu realizar uma rápida avaliação das necessidades médicas em três dos principais hospitais do distrito de Dera Ismael Khan, e em dois centros de saúde rurais situados em zonas onde muitas das famílias desabrigadas estão vivendo.

“Nós vimos as reais necessidades de pessoal, medicamentos, higiene e materiais que são essenciais para responder adequadamente aos cuidados necessários, especialmente nas salas de emergência, maternidades e nos serviços cirúrgicos dos principais hospitais”, diz Thomas Conan, representante de MSF no Paquistão.

Nas últimas semanas, o hospital distrital tem observado um aumento de 30 para 40% no número de internações de emergência. Atualmente, as pessoas que necessitam de um encaminhamento cirúrgico fora do distrito de Dera Ismael Khan são normalmente encaminhadas para os hospitais de Peshawar. Enquanto as despesas médicas e custos de transporte são acessíveis para alguns, no geral elas representam uma barreira intransponível para as numerosas famílias vulneráveis que compõem os deslocados e a população residente em Dera Ismael Khan.

“MSF tem a capacidade de enviar equipes médicas compostas por funcionários nacionais e internacionais para oferecer gratuitamente a cirurgia de emergência e assistência às pessoas mais necessitadas na região. Mas até agora a presença da equipe internacional está sendo recusada pelas autoridades”, explica Thomas Conan.

Entre maio e julho de 2009, MSF recebeu autorizações e estava prestes a enviar uma equipe de ortopedia cirúrgica para casos de trauma, pois não havia infraestrutura local oferecendo tratamento gratuito para pacientes que necessitavam de cirurgia especializada. Em julho, autoridades militares pediram que MSF deixasse a área por restrições de segurança. Nos últimos dois meses, MSF tem pedido autorização para ter acesso independente na área para levar cuidados médicos de emergência com uma equipe de agentes nacionais e internacionais.

“Como uma organização internacional de médicos, acreditamos que a presença de uma equipe médica internacional reforça a independência do nosso trabalho”, insiste Thomas Conan. “Estamos solicitando que as autoridades nos permitam prestar à população em Dera Ismael Khan o mesmo apoio que temos feito em outras áreas do país”.

Atualmente, uma equipe de funcionários internacionais e nacionais oferece apoio às estruturas de saúde no distrito de Lower Dir, onde os deslocados são provenientes de Bajaur. No início deste ano, quando mais de um milhão de pessoas deslocadas fugiram para o distrito de Mardan, equipes de MSF apoiaram as estruturas locais de saúde organizando um departamento de internação com 40 camas, além de duas salas de emergência e um serviço de maternidade aberto 24 horas por dia, levando assim cuidados de saúde para milhares de pacientes.

MSF não aceita financiamento de nenhum governo para o seu trabalho no Paquistão e conta apenas com doações privadas. Desde 1998, MSF fornece assistência médica aos cidadãos paquistaneses e afegãos refugiados que sofrem os efeitos de conflitos armados, fraco acesso aos cuidados de saúde e catástrofes naturais na província da fronteira nordeste, nas Áreas Tribais Federalmente Administradas (FATA na sigla em inglês), no Baluquistão e na Caxemira.

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