“O aconselhamento não deve ser unilateral, mas uma troca”

Nang Hla Htay, conselheira de MSF em Lashio, Mianmar, fala sobre o aconselhamento para pacientes de TB e HIV

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“Grande parte do nosso trabalho é tentar ajudar os pacientes e suas famílias a entender o HIV e a tuberculose (TB). Oferecemos informações sobre seu tratamento, bem como maneiras de lidar com essas condições e os desafios sociais e emocionais que as acompanham.
 
Às vezes, visitamos as casas dos pacientes, principalmente se estão muito doentes. Frequentemente, visitamos pacientes que foram diagnosticados recentemente com TB resistente a medicamentos (TB-MDR), pois esse é um momento desafiador para eles. Às vezes, eles sentem que não estão prontos para iniciar o tratamento; é importante dar-lhes espaço para expressar suas preocupações e fazer isso adequadamente leva tempo. A maioria das pessoas não se sente confortável em se abrir imediatamente. Explicamos que nossas conversas são confidenciais, mas é claro que as pessoas não nos conhecem no início e é difícil confiar em pessoas que você não conhece.
 
Tentamos criar confiança e um bom relacionamento para o aconselhamento – muitas vezes as sessões de aconselhamento se concentram na família ou no trabalho, em vez do tratamento – isso ajuda a criar confiança. 
O contato visual é um importante indicador de confiança. Quando as pessoas estão nervosas ou tímidas, evitam fazer contato visual. Isso é comum quando começamos a aconselhar um novo paciente. É importante que os conselheiros sejam confiantes e confiáveis, para que possamos garantir que os pacientes estejam de acordo e felizes com a maneira como prestamos aconselhamento e tratamento.
 
O aconselhamento é essencial. Após o diagnóstico, os pacientes precisam de alguém em quem confiar. Algumas pessoas enfrentarão discriminação, particularmente por causa do HIV, e precisarão de estratégias para lidar com isso. Em termos mais gerais, é verdade que as pessoas só precisam ser ouvidas e sentir que alguém as está ouvindo. O aconselhamento não deve ser unilateral, mas uma troca que capacita os pacientes a fazer as melhores escolhas para sua própria saúde. 
 
Aconselhei Aik Jong e Aye Htwe e eles levam muito a sério o tratamento. Chegaram a Lashio assim que puderam e tiveram que deixar os filhos com parentes. Não foi nada fácil para eles, mas eles estavam comprometidos. Eu sei que eles acharam especialmente difícil no começo; eles estavam sem dinheiro e separados de seus filhos. Tivemos a sorte de contar com o apoio da família.
 
Ajudei-os a decidir quem cuidaria dos filhos. Eles realmente não queriam ficar longe deles. Parte da razão pela qual as crianças não podiam morar com os pais se deve aos protocolos de infecção – a TB-MDR é contagiosa e muito perigosa. Parte do meu papel era gerenciar esse processo e encontrar as melhores opções para eles, dada a situação. 
 
Pode ser um desafio, mas gosto do meu trabalho. Isso me dá a oportunidade de entender melhor as pessoas – os obstáculos que elas enfrentam e suas motivações. Conhecer melhor as pessoas significa que você pode ajudá-las a superar alguns de seus problemas”.
 
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