Nova vacina contra pneumonia rompe domínio de Pfizer e GSK e deve ampliar acesso

OMS certifica qualidade de vacina fabricada na Índia; preço alto tem impedido proteção de 55 milhões de crianças

Genebra, 20 de dezembro de 2019 – A Organização Mundial da Saúde (OMS) certificou a qualidade de uma terceira vacina conjugada pneumocócica (PCV), fabricada pelo Serum Institute of India, que protege crianças contra certos tipos de pneumonia e será muito mais acessível do que as vacinas existentes. Essa importante decisão permitirá que os países e os provedores de tratamento adquiram versões mais acessíveis da vacina, que até o momento têm ficado fora do alcance de milhões de crianças por causa dos altos preços das vacinas existentes produzidas pela Pfizer e GlaxoSmithKline (GSK).

O medicamento indiano é a primeira vacina pneumocócica produzida por um fabricante de um país em desenvolvimento. A Fundação Bill & Melinda Gates forneceu parte dos recursos para o desenvolvimento da vacina.

Até agora, as empresas farmacêuticas Pfizer e GSK mantiveram um duopólio da vacina por quase 20 anos*, o que lhes permitiu manter os preços altos. A Pfizer e a GSK cobram da Gavi, a Aliança das Vacinas – uma organização financiada por doadores que ajuda os países mais pobres a acessar vacinas – cerca de 9 dólares (cerca de 36 reais) para cada criança a ser vacinada nos países mais pobres e até 80 dólares (cerca de 325 reais) por criança para países de renda média que não se qualificam para o suporte da Gavi. Há pouca transparência nos preços praticados por Pfizer e GSK, já que as empresas se esforçam muito para mantê-los em segredo. O resultado desses altos preços é que os governos não podem pagar a vacina e as crianças ficam desprotegidas contra doenças mortais, como a pneumonia.

A Pfizer e a GSK faturaram mais de 50 bilhões de dólares (cerca de 203 bilhões de reais) em vendas da vacina pneumocócica nos últimos dez anos, com a Pfizer ganhando a maior parte dessas receitas. Hoje, 55 milhões de crianças em todo o mundo ainda não têm acesso à vacina contra pneumonia, em grande parte devido aos preços altos.
O Serum Institute of India declarou anteriormente que planeja vender a vacina por cerca de 6 dólares (cerca de 24 reais) por criança para Gavi e para os países mais pobres, e por não mais que 11 dólares (cerca de 44 reais) em países de renda média, significativamente menos que os produtos da Pfizer e da GSK.

Os governos que desejam comprar esta nova vacina mais acessível devem considerar o uso do Procedimento de Registro Colaborativo da OMS para acelerar seu registro.

Declaração de Kate Elder, consultora sênior de políticas de vacinas da campanha de acesso de MSF:

“Este é um dia monumental para crianças de todo o mundo e para os governos que estão tentando protegê-las de uma pneumonia com risco de vida. Uma vacina contra pneumonia mais acessível é um fator de mudança na proteção de mais crianças contra o assassino número um da infância no mundo.

MSF vem pedindo uma vacina contra pneumonia mais acessível há anos, pedindo que o preço não ultrapasse 5 dólares (cerca de 20 reais) por criança. Esta nova e mais acessível vacina de um fabricante indiano finalmente romperá o domínio de longa data das empresas farmacêuticas Pfizer e GSK, o que significa que os mais de 55 milhões de crianças em todo o mundo que foram deixadas de fora em grande parte devido à ganância corporativa podem finalmente ter uma chance justa de serem protegidas. Muitas dessas crianças residem em países considerados de ‘renda média’, que não podem se beneficiar de preços especiais negociados pela Gavi.

Para salvar o maior número de vidas possível, pedimos à OMS, UNICEF e Gavi que se mobilizem e ajudem os governos a acessar essa vacina mais acessível o mais rápido possível. Também esperamos que o Serum Institute of India ofereça o menor preço global possível para sua nova vacina contra pneumonia a todas as organizações humanitárias. ”

* A vacina pneumocócica conjugada (PCV) 7-valent da Wyeth foi licenciada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2000. A Pfizer comprou a Wyeth em 2009; e em 2010, o FDA dos EUA aprovou o PCV13 da Pfizer, que substituiu o PCV7. O PCV10 da GlaxoSmithKline (GSK) foi aprovado pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) em 2009.

Informações de pré-qualificação da OMS:

https://extranet.who.int/gavi/PQ_Web/

 

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