Nova onda de violência mata civis no sul do Sudão

Organização teve que interromper serviços em pelo menos duas províncias. Mesmo com acordo de paz, população ainda vive insegurança dos tempos de guerra

Um aumento da violência levou a deslocamento, ferimentos e mortes de civis em pelo menos duas províncias (Alto Nilo e Jonglei), no sul do Sudão. Segundo a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF), confrontos entre grupos armados e ataques diretos a vilarejos ocorrem na região norte e na sul do rio Sobat desde o início de abril. A situação deteriorada de segurança forçou MSF a retirar algumas de suas equipes de trabalho da área.

No dia 10 de abril, uma milícia armada atacou o vilarejo de Ulang, onde MSF opera uma clínica. A maioria dos habitantes do vilarejo, pacientes e equipes da organização deixou o local em busca de segurança. Trinta e uma pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. Quinze receberam tratamento em um hospital de MSF, na cidade próxima de Nasir.

Depois, outros episódios e ameaças de violência forçaram equipes de MSF a também deixar Nasir, assim como Wudier, Lankien e Pieri. Em Pieri, a maioria dos pacientes tratados em um hospital da organização, entre os quais 120 em terapia contra a tuberculose, teve que ser evacuada. Equipamentos médicos, medicamentos e alimentos foram saqueados, deixando a clínica praticamente sem condições de continuar operando.

"Estamos preocupados com o aumento dos incidentes de violência", diz o coordenador de MSF na região, Cristoph Hippchen. "Isso significa que a assistência humanitária às populações do Alto Nilo e de Jonglei, já abaixo do necessário, será ainda menor agora".

MSF é um dos poucos fornecedores de assistência de saúde para essas regiões, onde o índice de malária, tuberculose e leishmaniose é elevadíssimo.

Depois de décadas de conflitos, a assinatura de um acordo de paz em janeiro de 2005 trouxe esperança à população do sul do Sudão. No entanto, em partes do Alto Nilo e de Jonglei, novos confrontos e tensão criaram condições similares às de quando o local se encontrava em guerra – com civis vivendo sob a ameaça da violência e acesso precário para as agência humanitárias .

MSF trabalha em seis localidades na região do Alto Nilo com 50 profissionais estrangeiros e 400 locais. Em 2005, MSF prestou mais de 294 mil consultas médicas, mais de 40% delas em crianças com menos de 5 anos. No sul do Sudão, a organização administra 19 hospitais e clínicas oferecendo cuidados primários e secundários, além de extensos programas para tratar vítimas de malária, tuberculose e leishmaniose.

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