MSF Suíça encerra atividades na região somali da Etiópia

Decisão foi tomada depois de a equipe ter sido alvo de intimidações e ter enfrentado problemas administrativos constantes

Sem ter como responder às necessidades médicas das populações afetadas pelos conflitos internos na região somali da Etiópia, a seção suíça de Médicos Sem Fronteiras decidiu encerrar suas atividades e sair da área Fiiq, onde deu início a um programa de assistência em dezembro de 2007.

Desde abril de 2007, o aumento da violência e do bloqueio econômico, associado ao conflito entre as autoridades etíopes e aos movimentos de oposição, teve uma repercussão crítica nas populações civis. Sua situação humanitária e sanitária ficou ainda pior por conta da seca.

Essas populações majoritariamente nômades enfrentam restrições de movimentos que não os permitem usar seus mecanismos tradicionais de sobrevivência e restringem seu acesso à saúde e a assistência alimentar.

Problemas administrativos repetidos e intimidações contra a equipe de MSF na região de Fiip impediram que a organização levasse a assistência médica emergencial necessária para as populações vulneráveis. Apesar dos acordos assinados com as autoridades federais, as equipes internacionais de MSF não receberam os vistos de trabalho necessários e podiam apenas ficar por pouco tempo no país.

"Ao longo dos seis meses de intervenção, nossas equipes médicas puderam apenas trabalhar por dez semanas na cidade de Fiiq e cinco na periferia, onde estão os maiores problemas.", afirmou Hugues Robert, à frente do programa da Etiópia em Genebra. "Isso reduz significantemente o impacto médico da nossa ação.".

Apenas 84 crianças que sofriam de desnutrição foram atendidas, quando os níveis de desnutrição superam 9% em alguns vilarejos, de acordo com o último levantamento realizado por MSF. Além disso, nos últimos seis meses as equipes médicas de MSF só conseguiram realizar 677 consultas médicas nas áreas rurais mais afetadas e próximas a Fiiq, enquanto muito mais pacientes eram esperados.

A atitude das autoridades em relação às organizações humanitárias traduziu-se em prisões recorrentes de profissionais da equipe de MSF, sem acusações ou explicações.

"Nós não temos como realizar levantamentos independentes das necessidades e também não podemos implementar nossas atividades onde as necessidades eram mais urgentes.", contou Hugues Robert. "Apesar de nossas tentativas contínuas de melhorar as relações de trabalho com as autoridades, nossa organização só pode lamentar a falta de espaço para uma assistência humanitária e imparcial.".

No momento em que há uma necessidade urgente de aumentar o nível da resposta, MSF Suíça pede que o Governo da Etiópia mude as condições de trabalho aplicadas para as organizações humanitárias na região somali da Etiópia.

MSF Suíça trabalha na Etiópia desde 1993 e desenvolveu projetos em Omo-Sul, Sekota, Damot Gale e Gambella, além de responder a epidemias e necessidades nutricionais da população em Wollyta, Gurage, e nas Zonas Hadiya. Em Fiiq, região somali, MSF apóia, desde dezembro de 2007, o centro de saúde e organiza clínicas móveis para a população da área.

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