MSF pede mais atenção para a tuberculose

No Dia Mundial de Combate à TB, MSF lembra que doença mata cerca de 1,7 milhões de pessoas por ano no mundo

Para muitas pessoas do mundo ocidental, parece incrível que ainda hoje muitas pessoas ainda morram devido à tuberculose (TB).

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que a incidência de casos de TB na Alemanha ou na Holanda em 2005 foi de sete casos por 100 mil pessoas, seis na Austrália; cinco nos EUA. Ao mesmo tempo, na Rússia esse indicador foi de 119; na Armênia de 71; e no Uzbequistão de alarmantes 135 casos por 100 mil pessoas.

A situação em alguns países do sul da Ásia e da África subsaariana é ainda pior. A doença mata cerca de 1,7 milhões de pessoas por ano e é uma das doenças concomitantes mais comuns e causa de morte para pessoas com HIV/Aids.

MSF trata tuberculose em 40 países em todo o mundo. A TB surge onde há pobreza e a negligência permanece, mas os países desenvolvidos não deviam fazer vista grossa para esse problema.

"Controlar a TB é difícil. Você simplesmente não pode impedir que as pessoas respirem", disse Jeanette Olsson, enfermeira de MSF em Nukus, no Uzbequistão, um dos locais com maior incidência da tuberculose multirresistente a medicamentos (MDR), linhagem da doença extremamente difícil de ser tratada.

Os sistemas de saúde nacionais de algumas das repúblicas mais pobres do Cáucaso e da Ásia Central não têm como oferecer tratamento sustentável de TB independentemente. Eles ainda enfrentam dificuldades 17 anos após o colapso da União Soviética e sofrem com falta de investimento, recursos humanos e excesso de burocracia. O antes exemplar sistema centralizado de controle de TB tornou-se inexistente junto com a desintegração da ex-União Soviética. A TB multirresistente a medicamentos é um dos problemas de saúde mais alarmantes dos países da ex-União Soviética.

A resistência ocorre quando o tratamento padrão para a TB sensível a medicamentos é interrompido, realizado de maneira precária ou quando a qualidade dos medicamentos usados é ruim. Isso significa que o organismo da pessoa não responde aos medicamentos mais eficazes contra a tuberculose, isoniazida e/ou rifampicina.

Algumas vezes, no entanto, as pessoas podem contrair uma linhagem mais resistente a medicamentos diretamente e ser infectada por um paciente com MDR-TB. A tuberculose multirresistente a medicamentos pode ser transmitida para outra pessoa em diferentes ambientes, como hospitais para TB ou prisões, se o controle da infecção não é suficiente.

O tratamento para MDR-TB é complicado. Todos os dias, o paciente tem que tomar uma combinação de medicamentos, que às vezes pode chegar a 25 pílulas por dia e injetáveis, que freqüentemente provocam terríveis efeitos colaterais nos pacientes. O tratamento pode durar até 24 meses sem interrupção. Uma interrupção no tratamento pode provocar a resistência em um nível ainda pior e o paciente pode se tornar resistente ao que hoje é o último recurso: os principais medicamentos de segunda linha. Esses pacientes mais freqüentemente desistem do tratamento.

A pesquisa global de novos medicamentos anti-tuberculose eficientes é conduzida de forma morosa e não acompanha a mutação da doença. Novas pesquisas e desenvolvimento de ambos os medicamentos e diagnósticos são vitais.

"A TB é uma doença que não devia mais existir no mundo se todos os pacientes pudessem tomar medicamentos consistentes durante o período apropriado do tratamento", disse Jeanette.

A tuberculose é uma doença de longa duração e, quando inicia um programa de tratamento de TB em um país da ex-União Soviética, MSF tende a cooperar com os ministérios de Saúde locais. O objetivo é uma eventual transferência do programa para as autoridades sanitárias locais. Um apoio a longo prazo do sistema de saúde é desejável, mas ainda assim MSF vê a necessidade de uma ação imediata.

Como Andrey Slavutskiy, diretor do programa de TB no Quirguistão, explica: "Como uma organização de emergência médica, nós não podemos esperar até que o sistema esteja estabelecido porque as pessoas estão morrendo. Enquanto oferecemos assistência humanitária, temos que construir a base para que o programa de TB seja gradualmente passado para o Ministério da Saúde".

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