MSF participa de reunião da UNITAID sobre produção de barras de alto teor nutritivo

Realizado em Brasília, encontro aprovou proposta que visa a garantir o tratamento nutricional de crianças com HIV//Aids, entre os anos de 2009 a 2011

Médicos Sem Fronteiras (MSF) participou, nesta quinta-feira, do encontro do Conselho Executivo do Fundo Internacional para a compra de Medicamentos (UNITAID, na sigla em inglês), que se reuniu pela primeira vez no Brasil. Durante a reunião realizada em Brasília, foi aprovada a proposta da Unicef de custeio da produção de barras de alto teor nutritivo por parte da agência.

Especialmente elaborada para as crianças em fase de crescimento, essa nova geração de alimentos, composta por 40 nutrientes fundamentais e baseada em leite em pó e amendoim, tem sido usada com sucesso nos centros nutricionais mantidos por Médicos Sem Fronteiras, em crianças de menos de 3 anos que sofrem de desnutrição severa aguda. No entanto, apesar dos altos índices de recuperação de peso e redução da mortalidade, apenas 3% das cerca de 20 milhões de crianças que sofrem de desnutrição severa aguda em todo o mundo têm acesso a essas barras.

O objetivo da proposta é usar esses alimentos como complemento no tratamento de crianças com HIV/Aids, uma vez que a desnutrição aguda grave favorece a manifestação de doenças infecciosas, podendo levar à morte.

Apesar de a UNITAID ter sido criada para financiar medicamentos e diagnósticos para HIV/Aids, tuberculose (TB) e malária, a iniciativa não é nova para a agência. Ela já havia custeado a compra de alimentos de alto teor nutritivo (ou RUFT na sigla em inglês) pela Fundação Clinton para desnutrição em crianças soropositivas. A proposta atual seria uma expansão dessa ação.

Criadas em 1997, as barras de alto teor nutritivo não precisam ser misturadas à água para serem ingeridas, o que significa que não há risco de contaminação por bactérias. Esses alimentos podem ser guardados de maneira segura em casa, sem necessidade de refrigeração, e até mesmo em regiões onde as condições de higiene não são adequadas.

Médicos Sem Fronteiras começou a usar um protótipo dessas barras de alto teor nutritivo em 1997, no Sudão. Mas foi em 2005, ano em que foi registrada uma das mais graves crises alimentares no Níger, que MSF pôde melhor comprovar a eficácia desses alimentos. Somente em Maradi, 38 mil crianças gravemente desnutridas foram tratadas com as barras de alto teor nutritivo, com 90% de sucesso.

No ano seguinte, 65 mil crianças foram tratadas, dentre as quais 92,5% sofriam de desnutrição moderada e 7,5% de desnutrição severa. Os índices de recuperação chegaram a 95,5% para os que sofriam de desnutrição moderada e de 81,3% entre os pacientes mais graves.

A confecção das barras de alto teor nutritivo é simples, porém aquém das necessidades mundiais e o preço ainda é caro. Quando produzidas localmente, custam US$ 3 por quilo. Uma criança que sofre de desnutrição aguda severa precisa de entre 10 a 15 quilos das barras de alto teor nutritivo, consumidas por um período de seis a oito semanas, para se recuperar. Este valor é alto demais para a população dos países africanos visados pelo programa, por isso é preciso fornecer o alimento gratuitamente.

Em 2006, Médicos Sem Fronteiras tratou mais de 150 mil crianças com desnutrição aguda em 99 programas mantidos em 22 países.

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