MSF está trabalhando na linha de frente das operações contra a febre de Marburg em Angola

Este parece ser o maior surto de febre de Marburg desde que o vírus foi identificado em 1967, com 163 casos e 150 mortes já confirmadas até o momento. MSF faz um apelo para aumentarem os esforços para que se consiga quebrar a corrente de transmissão

Dez dias após a confirmação oficial do surto da febre hemorrágica de Marburg – provocada por um vírus da mesma família do vírus Ebola – as equipes de MSF já começaram a trabalhar na linha frente das operações para combater esta doença que apresenta alto índice de mortalidade.

Em Uige, epicentro da epidemia que fica no norte do país, uma equipe de MSF está liderando o trabalho no hospital municipal. A situação encontrada é dramática, com pacientes deixados a própria sorte, funcionários despreparados e escassos, e sem um acompanhamento dos casos na comunidade.

A equipe de MSF, que inclui inúmeros profissionais especializados em surtos de febres hemorrágicas, assumiu a responsabilidade de gerenciar os casos suspeitos.

Na capital do país, Luanda, onde casos também foram notificados, uma outra equipe de MSF está ajudando a montar uma unidade de isolamento, para o caso de o vírus se espalhar pela cidade de quatro milhões de habitantes. MSF também oferece treinamento a profissionais de saúde e participa, por meio de uma consultoria técnica, do Comitê Nacional de Crises.

De acordo com os números oficiais fornecidos pelo Ministério da Saúde de Angola e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), até o dia 2 de abril de 2005, 163 casos haviam sido notificados e 150 pessoas já haviam morrido. Até o momento, todas as mortes foram de pessoas infectadas na província de Uige, embora muitas delas tenham recebido tratamento em outras cidades. Outros alertas foram dados em diferentes regiões onde rumores de novos casos não se confirmaram e outros casos parecem bater com os sintomas da febre de Marburg.

Poucos surtos foram registrados desde que o vírus foi identificado em 1967 e o surto atual parece ser extremamente letal comparado a epidemias passadas. A transmissão da doença ocorre por meio do contato direto com a pessoa infectada ou de fluidos corporais, e por meio do contato com animais infectados. Após um período de incubação de 5 a 10 dias, a doença pode aparecer e os sintomas iniciais são: febre, dores de cabeça, vômitos e diarréia.

Como esses primeiros sintomas são muito parecidos a outros sintomas de infecções recorrentes em Angola, como malária, fica difícil fazer o diagnóstico. Os sintomas de hemorragia só aparecem num estágio mais avançado da doença.

A equipe de MSF em Uige já terminou de montar uma ala de isolamento para onde são levadas as pessoas com maior probabilidade de estarem infectadas, para que se possa fazer com segurança um gerenciamento clínico dos casos. Os profissionais de saúde foram treinados com base em regras de bio-segurança a que eles têm que seguir para garantir a sua segurança pessoal. Em Uige, MSF está mantendo uma cooperação com o Ministério da Saúde e com a OMS, responsáveis pelas informações epidemiológicas e pela busca de casos na cidade.

É necessário que se aumente com urgência a resposta a esta epidemia. A busca por novos casos e a investigação de possíveis contatos com pessoas infectadas devem ser melhoradas, e esta tarefa vai exigir um esforço importante. É preciso que se faça um esforço ainda maior para medir a escala da epidemia e possivelmente quebrar a corrente de transmissão.

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