MSF comemora: governo da África do Sul vai distribuir remédios para pessoas com HIV/Aids

Programa Nacional de HIV/Aids da África do Sul será o maior do mundo já que no país existem 5 milhões de pessoas infectadas. Desde 99, MSF desenvolve programa de aids no país. Hoje, 500 pacientes recebem remédios comprados por MSF no Brasil e na Índia.

A organização internacional de ajuda humanitária na área da saúde, Médicos Sem Fronteiras (MSF), recebeu com entusiasmo o anúncio feito pelo governo da África do Sul de implementar um programa nacional de tratamento do HIV/Aids. Num comunicado, o governo sul-africano instruiu o Ministério da Saúde a desenvolver um programa detalhado de implementação para o final de setembro que inclua a distribuição de anti-retrovirais pelo poder público na África do Sul.

“Esta é uma notícia extremamente boa, e estamos certamente comemorando com todas as pessoas afetadas pelo HIV/Aids na África do Sul,” disse Dr. Eric Goemaere, coordenador geral de MSF na África do Sul. “Este comunicado claramente reconhece a gravidade e a urgência dos desafios à frente, e simbolicamente desbloqueia uma situação de recusa que durou muito tempo. Não há mais retorno. Agora, o trabalho de expandir o tratamento finalmente começa.”

MSF vem trabalhando em Khayelitsha, uma cidade pobre com 500.000 habitantes nos arredores da Cidade do Cabo, oferecendo assistência e tratamento às pessoas com HIV/Aids desde 1999. MSF já testemunhou em primeira mão a devastação diária causada pela epidemia de aids na África do Sul, os benefícios clínicos do tratamento com os anti-retrovirais, e a esperança que a disponibilidade de tratamento traz à comunidade. Em abril de 2000, juntamente com o governo municipal de Western Cape, MSF inaugurou três clínicas dedicadas ao tratamento do HIV/Aids dentro dos centros básicos de saúde de Khayelitsha, e em maio de 2001, iniciou a distribuição de terapia com anti-retrovirais para pessoas em estado avançado da infecção pelo HIV.

Hoje, MSF trata 500 pessoas, a maioria com anti-retrovirais genéricos de qualidade de produtores brasileiros e indianos. Este programa comunitário, que envolve pessoas vivendo com HIV/Aids de todos os níveis, já demonstrou que é possível a distribuição de anti-retrovirais em postos públicos de saúde na África do Sul. No dia 29 de julho de 2003, MSF anunciou a criação de um programa de assistência e tratamento do HIV/Aids em Lusikisiki, uma área rural localizada na antiga Transkei com uma infra-estrutura de saúde extremamente frágil. O Programa, que teve início em janeiro de 2003, é apoiado por MSF e pela Fundação Nelson Mandela, e irá incluir a distribuição de anti-retrovirais além de outros serviços.

MSF destacou a abertura do governo em trabalhar com especialistas da comunidade científica e médica para implementar um programa nacional de anti-retrovirais, enfatizando a importância de troca de conhecimento sobre a implementação do tratamento com anti-retrovirais. “Estamos interessados em compartilhar nossa experiência em Khayelitsh e Lusikisiki com aqueles que desenvolverem e implementarem o programa de tratamento,” continuou Dr. Goemaere. “Um programa nacional de anti-retrovirais na África do Sul irá não apenas transformar a África do Sul, mas pode ter um efeito catalisador em toda África e nos demais países em desenvolvimento.”

Se implementado por completo, um programa nacional de anti-retrovirais na África do Sul seria o maior do mundo, já que a África do Sul tem o maior número de pessoas vivendo com HIV/Aids, com 5 milhões atualmente infectados pelo HIV. Para ampliar os recursos financeiros e tratar o maior número de pessoas possível, a produção local de anti-retrovirais será fundamental, assim como tem sido para o programa brasileiro de HIV/Aids. MSF irá em breve utilizar a versão produzida localmente da droga Stavudina (d4T) nos seus projetos na África do Sul, e irá continuar apoiando outras estratégias que garantam o acesso a medicamentos de qualidade e de baixo custo. O d4T produzido localmente é 41% mais barato que o preço cobrado pelo laboratório Bristol-Myers Squibb.

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