Mianmar: MSF já atendeu cerca de 120 mil pessoas

População que sobreviveu à passagem do furacão Nargis ainda enfrenta falta de abrigos, comida e água potável

Vinte dias após a passagem do ciclone Nargis por Mianmar, Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem mais de 250 profissionais trabalhando na região do delta do Irriwady, com cerca de 33 médicos. Até agora, as equipes de MSF já conseguiram atender cerca de 120 mil pessoas. Os principais problemas para a população são a falta de abrigos, comida e água potável.

As equipes de MSF que estão trabalhando no delta distribuíram pelo menos 310 toneladas métricas de arroz, mais de 84 mil latas de peixe, 16.500 litros de óleo de cozinha e 13.500 lâminas de plásticos.

As equipes de MSF estão distribuindo os suprimentos à medida que viajam para os vilarejos afetados pelo ciclone. Uma vez que um ponto de distribuição adequado é encontrado, a equipe de MSF dá o material emergencial diretamente para os moradores locais. O chefe do vilarejo e um monge geralmente estão presentes para acompanhar a distribuição.

Nas primeiras semanas, as equipes de MSF conseguiram levar suprimentos emergenciais a vários vilarejos, onde foram distribuídos. O governo mantém o registro da população, fazendo com que as equipes de MSF consigam obter os números corretos de pessoas identificadas como moradores do vilarejo. No entanto, as listas sobre a população só são precisas se elas ainda vivem em seus vilarejos natais. O mesmo não ocorre nas escolas e monastérios onde muitos deslocados internos foram buscar refúgio.

O próximo passo é revisitar os vilarejos, distribuindo rações familiares de suprimentos precisas. As equipes de MSF estão contando as pessoas entre a população deslocada para ter um panorama do nível de necessidade.

As equipes estão realizando as distribuições de acordo com as necessidades da população, fornecendo lâminas de plástico, alimentos, mosquiteiros e galões de água. Elas se concentram no fornecimento de água potável, onde não há fonte. Isso ocorre através da distribuição de bacias, galões de água e lâminas de plástico para coletar a água. As pessoas também pedem mais material para montar abrigos, sal e roupas.

No sul da região do delta, a população inteira foi afetada, por isso foi necessário distribuir uma grande quantidade de suprimentos. Nas cidades maiores que sofreram danos menores, a maior parte do esforço emergencial está concentrada nos acampamentos de deslocados internos. A maioria das pessoas que perderam suas casas agora está aglomerada em escolas e monastérios.

Em média, nossas equipes estão atendendo cerca de 500 pacientes por dia. Muitas das consultas ainda são relacionadas a ferimentos causados pela passagem do ciclone, como fraturas ósseas, ferimentos na cabeça ou machucados infeccionados.

Nossas equipes também trataram pessoas com ferimentos similares a queimaduras, que na verdade são o resultado de tempestades de areia que esfoliaram suas peles devido aos ventos de 193 quilômetros/hora. Grande parte das pessoas que morreram devido à passagem do ciclone é pescador, trabalhador das minas de sal ou funcionário de fábricas de camarão da planície de Ngapudaw.

Três semanas após a passagem do ciclone, as pessoas ainda estão muito fracas e as equipes observam muitos casos de febre, infecções respiratórias e diarréia. Muitos pacientes estão sendo transferidos para o Hospital Pathein Hospital. Não houve nenhum surto de doença registrado até agora.

A equipe de aconselhamento de MSF está observando muitas pessoas na região do delta que estão sofrendo de estresse pós-traumático grave por conta do desastre. Muitas pessoas estão em um grave estado de confusão, algumas não conseguem demonstrar nenhuma emoção e outras se recusam a aceitar a morte de seus familiares.

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