Médicos sírios estão prontos para entrar novamente no leste de Aleppo caso o acesso seguro seja concedido

Pelo menos 98 feridos de guerra chegaram aos poucos hospitais ainda em funcionamento nas últimas 72 horas

Diversos médicos que trabalhavam no leste de Aleppo antes do cerco atual expressaram sua vontade de voltar para a cidade do norte da Síria, devastada pelo conflito, para tentar salvar a vida das muitas pessoas que estão sendo feridas diariamente, caso o acesso seguro seja concedido, informa a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF).

O começo do cerco em julho, imposto pelo exército sírio e seus aliados, surpreendeu uma parte desses médicos na Turquia. “Agora eles observam, com profundo pesar, a deterioração da crise, impossibilitados de ajudar uma população em necessidade extrema. Até onde sabemos, diversos médicos expressaram sua vontade de voltar assim que possível, caso um corredor humanitário seja estabelecido”, disse Carlos Francisco, coordenador-geral de MSF na Síria.

Neste momento, há apenas 35 médicos no leste de Aleppo e só sete deles capacitados para realizar cirurgias em feridos de guerra, de acordo com os dados mais recentes da Diretório de Saúde. “Pacientes têm acesso limitado a cuidados de saúde nos poucos hospitais que ainda funcionam parcialmente. Médicos estão exaustos, trabalhando 24 horas por dia para tratar o influxo intenso de feridos”, acrescenta Francisco.

Somente entre 6 e 8 de outubro, hospitais no leste de Aleppo registraram ao menos 98 feridos – incluindo 11 crianças, e 29 mortos por causa dos bombardeios aéreos. “Pacientes feridos estão dormindo na frente de hospitais durante bombardeios intensos porque os corredores dos hospitais estão lotados”, relata Ahmed Laila, coordenador do Diretório de Saúde do leste de Aleppo.

Além disso, hospitais e organizações médicas estão preocupadas com o estoque de combustível, essencial para o funcionamento de instalações e das 21 ambulâncias que atualmente servem uma área com população de aproximadamente 250 mil pessoas, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. “O bloqueio levou, entre outras coisas, à falta de combustível, que prejudicou a cidade. As instalações médicas estão quase sem energia, o que pode colocar em risco atividades vitais”, explica Pablo Marco, coordenador de operações de MSF no Oriente Médio.

“Não há tempo a perder. Rússia e Síria devem parar o bombardeio indiscriminado agora e respeitar as leis da guerra para evitar o sofrimento extremo da população civil desprotegida”, afirma Pablo Marco.

MSF apoia oito hospitais na cidade de Aleppo. A organização mantém seis instalações médicas no norte da Síria e apoia mais de 150 centros de saúde e hospitais no país; muitos deles estão localizados em áreas sitiadas.

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