Malária: é muito caro tratar efetivamente o maior causador de mortes em crianças na África

Relatório lançado por MSF mostra que este mito é infundado.

Como países do leste da África estão a ponto de mudar os protocolos nacionais de tratamento de malária, Médicos Sem Fronteiras (MSF) lançou um relatório na esperança de evitar uma escolha fatal.

Nos últimos anos, uma crescente resistência ao parasita da malária fez com que drogas como a cloroquina e o Fansidar se tornassem praticamente inúteis em muitas partes da África Oriental. Especialistas em malária concordam que para oferecer aos pacientes um tratamento efetivo e prevenir uma expansão da resistência, os protocolos deveriam incluir combinações de droga com as substâncias chinesas altamente potentes conhecidas como derivados de artemisina.

Porém, por causa de uma falta de recursos e a preferência de doadores por soluções baratas, muitos ministérios de saúde estão estudando a mudança de protocolos para estratégias de transição, usando combinações de drogas que serão equivalente a dar alguns placebos aos pacientes. Esta decisão é uma questão de vida ou de morte para uma doença que mata entre 1.3 e 1.8 milhões de crianças africanas por ano.

“Saber de drogas mais eficientes disponíveis e não poder dá-las a meus pacientes tem sido muito difícil”, disse Dr. Diane Cheynier, de MSF no Burundi. “Existem tratamentos que podem evitar que as pessoas morram desnecessariamente. Com ajuda de doadores, governos africanos podem evitar o equívoco fatal de soluções tapa-buraco. (paliativas).”

No relatório de MSF, os custos crescentes de drogas mais efetivas são apontados como uma das principais barreiras para uma implementação difundida no setor público. As usuais combinações das drogas atuais custam apenas US$0.25 por dose de adulto, enquanto combinações mais efetivas com derivados de artemisinina custam cerca US$1.30. Porém, o relatório mostra que para o Burundi, o Quênia, Ruanda, Tanzânia e Uganda, juntos, os custos adicionais para implementar as combinações mais efetivas só chegariam a US$19 milhões.

Quando os governos africanos tomarem a decisão política de implementar estratégias efetivas de longo prazo, eles precisarão do apoio de doadores.

“Nós acreditamos que o relatório lançado hoje destrói um dos mitos fundamentais que bloqueiam a introdução do tratamento que foi altamente recomendado por especialistas em malária”, disse Dr. Jean-Marie Kindermans de MSF, autor do relatório. “O custo de trocar para as combinações efetivas em lugar de combinações que freqüentemente não são melhores que placebos é acessível se os doadores internacionais estiverem dispostos ajudar”.

Os derivados de artemisinina são extraídos de uma planta chinesa e usados na Ásia há mais de dez anos. Eles têm propriedades que os fazem especialmente eficientes contra a malária e são vistos como elementos essenciais para combinações eficientes. Eles têm ação rápida, são altamente potentes e complementares a outras classes de tratamento. Quando usados em combinação com uma segunda droga os derivados de artemisinina parecem reduzir o desenvolvimento de resistência à segunda droga. Por isto, especialistas imaginam que combinações contendo artemisinina continuariam sendo eficientes a longo prazo. Até hoje, nenhuma resistência para drogas de artemisinina foi registrada.

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