Mais de 50 mil crianças são vacinadas contra o sarampo no Mali

Equipes de MSF atuaram na região de Timbuktu, que ainda sofre os efeitos de anos de conflitos armados

Mais de 50 mil crianças são vacinadas contra o sarampo no Mali

Apesar do fim oficial da guerra em 2015, a região de Timbuktu, no norte do Mali, permanece tensa. Os conflitos tiveram um impacto significativo no acesso das pessoas a serviços de saúde, o que tem levado a baixas taxas de cobertura vacinal, especialmente entre crianças.

Desde fevereiro, vários casos de sarampo foram registrados e em setembro, Médicos Sem Fronteiras (MSF), juntamente com o Ministério da Saúde, decidiram lançar uma campanha de vacinação. A campanha atingiu mais de 50 mil crianças com idades entre 6 meses e 14 anos.

O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa. Os sintomas aparecem em média 10 dias após a exposição e incluem febre alta, erupção na pele, coriza, tosse e conjuntivite. Quando combinada com desnutrição ou malária, os efeitos da doença podem ser devastadores. Uma criança com sarampo pode ficar desnutrida rapidamente ou desenvolver outras complicações mais sérias que podem afetar seus olhos ou cérebro.

Mas existe uma vacina segura, barata e eficaz, uma das vacinas infantis de rotina da Organização Mundial de Saúde (OMS). O desafio é chegar às crianças que não foram vacinadas, bem como garantir que as doses da sejam mantidas na temperatura certa.

A campanha

A vacinação foi feita em três etapas, em 12 das 19 zonas de Timbuktu, com as equipes instalando-se em postos de saúde e transformando escolas ou outros prédios em locais de vacinação. As zonas variaram de áreas urbanas de fácil acesso a áreas rurais na margem oposta do rio Níger, onde remansos e lagos formam uma barreira natural.

“Leva de uma hora a uma hora e meia para chegar lá em uma canoa”, informa Tuo Songoufolo, consultor médico do projeto de MSF. “As pessoas tendem a se espalhar pela área para pastar o gado ou para cultivar. E isso significa que precisamos segui-los para poder vaciná-los.”

A campanha também coincidiu com o início da estação chuvosa, quando as pessoas se mudam para a beira do rio para pesca e agricultura. O aumento do nível da água significa que o rio se torna o único meio de acesso.

Mas isso não desanima as mães, que estão muito atentas, já que manchas na pele e febre anunciam a chegada da doença. Algumas viajaram de vilarejos vizinhos, como Aïssata Ibrahim, que alugou uma canoa para fazer a viagem, a fim de que sua filha de 4 anos de idade pudesse ser protegida contra o sarampo.

Mariam Hammadoun Maïga, mãe de Amadou, de 16 meses, explica: “Há pessoas que moram longe. E com as enchentes no momento é muito difícil elas virem para a vacinação. Apesar disso, vieram para vacinar seus filhos”.

Amadou, sentado no colo de sua mãe, observa com cautela enquanto a enfermeira coloca a agulha em seu braço. Ele não chora. “Vim porque a vacinação é de vital importância para proteger as crianças contra doenças”, comenta Mariam. “Dizemos que prevenir é melhor do que remediar, portanto, é melhor vacinar as crianças do que tratá-las.”

 

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