Mais de 1.100 crianças já foram tratadas desde a abertura do projeto de MSF em Niafounké, Mali, no ano passado

As equipes de cuidados intensivos de MSF recebem uma média de 15 crianças com desnutrição aguda grave todos os meses no hospital de Niafounké, no Mali.

Foto: Lamine Keita/MSF

Desde que Médicos Sem Fronteiras (MSF), em colaboração com as Autoridades Distritais de Saúde, lançou atividades em Niafounké, em junho de 2021, as equipes da organização forneceram cuidados de saúde hospitalares no centro de saúde de referência local a mais de 1.100 crianças de 0 a 15 anos de idade. Além disso, mais de 2.200 consultas médicas ambulatoriais foram realizadas por equipes comunitárias de saúde, beneficiando pessoas afetadas pela insegurança na área de Gourma, em Timbuktu.

Cuidados gratuitos para crianças doentes

O projeto oferece atendimento gratuito para crianças de 0 a 15 anos na ala pediátrica do centro de saúde de referência de Niafounké, onde patologias, como malária, desnutrição, diarreia, problemas respiratórios e outros, são tratadas gratuitamente. Casos de desnutrição grave também são atendidos na unidade de nutrição intensiva, e recém-nascidos com problemas de saúde recebem cuidados na unidade de neonatologia do hospital.

No total, 1.152 crianças foram atendidas por nossas equipes no centro de saúde de referência. Desse total, 514 foram internadas na ala de pediatria, 350 receberam tratamento para desnutrição e 288 para malária. Além disso, foram realizadas 501 transfusões de sangue.

Atividades comunitárias

“Além dessas atividades, também lançamos ações comunitárias em quatro localidades ocupadas por populações nômades na área de Gourma, em Timbuktu”, disse o dr. Junaid Khan, coordenador-geral de MSF. “O objetivo é oferecer cuidados curativos e preventivos essenciais em cabanas de saúde fixas para essas comunidades, que enfrentam dificuldades para acessar cuidados. Em apenas três meses, mais de 2.249 consultas médicas foram realizadas desde a inauguração do projeto no ano passado.”

Atualmente, as equipes de terapia intensiva recebem uma média de 15 crianças com desnutrição aguda grave com complicações a cada mês. Essa situação se deve ao contexto de segurança, que impede que os agricultores cultivem alimentos suficientes”, disse o dr. Souleymane Cissé, coordenador da unidade pediátrica do hospital de Niafounké. “Soma-se a isso o baixo poder aquisitivo da população.”

Foto: Lamine Keita/MSF

Risco de altos índices de desnutrição

“Tememos que a taxa de crianças com desnutrição aumente nos próximos meses, dada a fraca colheita deste ano, a insegurança, que complica o acesso das pessoas aos serviços de saúde, os preços crescentes dos alimentos básicos e a escassez de certos produtos nutricionais nos mercados locais”, afirma o dr. Cissé.

A mãe de um paciente no centro de saúde de referência, que pediu para que ela e seu filho fossem identificados por suas iniciais, é de um vilarejo nos arredores de Niafounké. Ela acompanha seu filho, que está doente, à unidade pediátrica de terapia intensiva, onde a equipe de MSF está trabalhando. “M.Y. tinha dores no coração e estômago desde seu nascimento, e o primeiro tratamento no vilarejo não o curou. Sua saúde piorou. Mas hoje ele está muito melhor, seu estômago dói menos e seu coração também. Ele costumava ser incapaz de chorar, mas agora ele chora.

Acesso a cuidados de saúde

Esse projeto foi estruturado numa região onde o complexo contexto de segurança tem afetado gravemente o acesso da população a cuidados de saúde. Desde o início da crise no Mali, em 2012, e apesar dos acordos de paz assinados em 2015, a estabilidade nunca foi plenamente restabelecida nas regiões do norte do país. Essa crise tem afetado o sistema de saúde local, comprometendo a capacidade de muitas instalações médicas de fornecer cuidados necessários à população.

“Infelizmente, a insegurança dificultou o acesso dos pacientes a cuidados e, ao mesmo tempo, dificultou o acesso das equipes médicas aos pacientes em algumas áreas “, diz o dr. Souleymane Cissé, coordenador da unidade pediátrica do hospital de Niafounké.

É muito complicado fazer encaminhamentos de nossos pacientes na área. Muitos deles estão impossibilitados de sair de suas comunidades enquanto esperam por assistência ou encaminhamento. Mas, infelizmente, não podemos enviar ambulâncias para buscá-los por causa da insegurança. Fomos forçados a reduzir, e por vezes até interromper, os serviços de ambulâncias para evitar que sejam roubadas ou sequestradas, como aconteceu no passado.”

Foto: Lamine Keita/MSF

Abertura de postos de assistência comunitários

Com a abertura dos postos de atendimento comunitários na região de Gourma, agora é mais fácil e seguro para a população acessar os cuidados de saúde.

“Desde que a instalação de saúde de MSF abriu, estamos muito felizes. Significa que não temos que viajar muito para ir a um centro de saúde. Antes, percorríamos 40 km para ir ao centro de saúde mais próximo, apesar da insegurança”, disse Tinabou, que vive com seus filhos em uma das localidades onde estão as populações nômades, a cerca de 30 km de Timbuktu.

A presença de MSF ao lado de profissionais de saúde do estado é um sinal de esperança e contribui para facilitar o acesso das pessoas aos cuidados. “Quando você pensa no estado da ala pediátrica antes da intervenção, você entende o quanto as coisas melhoraram. Hoje, há uma grande mudança em termos de infraestrutura, disponibilidade de equipamentos médicos e profissionais de saúde. Isso contribuiu consideravelmente para melhorar a qualidade dos cuidados em pediatria. Atualmente, as atividades operam em sua normalidade para lidar com os cuidados voltados para crianças hospitalizadas”, disse o dr. Cissé. Lançado em junho de 2021.

Lançado em junho de 2021, o projeto de MSF também apoiará o Ministério da Saúde em caso de situações de emergência na região de Timbuktu, particularmente aquelas ligadas a epidemias, influxos de feridos, deslocamentos populacionais ou crises nutricionais.

 

No Mali, MSF atualmente administra projetos na capital, Bamako, e nas regiões de Kidal, Gao (Ansongo), Mopti (Ténénkou, Douentza e Koro), Ségou (Niono) e Sikasso (Koutiala).

 

 

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