A lição de Srebrenica: levar a sério a proteção da população local

Às vésperas do lançamento do relatório do governo da Holanda sobre o massacre em Srebrenica em 1995, MSF clama que a comunidade internacional aprenda as lições corretas.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) chama a atenção da Holanda e da comunidade internacional para que sejam tiradas as conclusões certas sobre o fracasso em Srebrenica.

O fato de um assassinato em massa ter ocorrido apesar da presença de tropas das Nações Unidas deve levar a uma profunda análise dos erros cometidos. Esses erros devem ser evitados em missões futuras. A questão básica é como oferecer proteção real às populações ameaçadas com a violência da guerra.

MSF teme, entretanto, que o governo holandês e a comunidade internacional possam já ter tirado conclusões cínicas; isto é, que é melhor continuar não se envolvendo. Desde Srebrenica, eles têm claramente evitado proteger as populações ameaçadas com a violência da guerra. Por exemplo, a proteção foi explicitamente excluída durante a missão de paz na Etiópia/Eritrea. O principal foco de atenção era a segurança das tropas. Se a violência estourasse, as tropas dos 'capacetes azuis' holandeses seriam evacuadas.

A publicação do relatório investigativo reacende o debate sobre a Srebrenica, na Holanda e internacionalmente. Até agora esse debate quase não tem sido possível devido à sensibilidade política na Holanda, e tem sido caracterizado principalmente pela transferência de responsabilidade.

É chocante que, sete anos depois dos assassinatos em massa – que ocorreram na presença de uma força das Nações Unidas – tão pouco seja conhecido sobre o que realmente aconteceu em Srebrenica.

Espera-se que o relatório investigativo contribua significativamente para o esclarecimento dessa situação. Nós, por essa razão, recorremos ao governo holandês para defender a abertura do debate, livre de suscetibilidades pessoais e políticas.

Esse debate deve levar a um relatório claro sobre como e em que condições o governo holandês pretende concretizar a proteção de civis ameaçados em regiões de crises.

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