Libéria: população civil encurralada pela guerra enfrenta situação extremamente grave

Libéria: população civil encurralada pela guerra enfrenta situação extremamente grave

Médicos Sem Fronteiras está assustada com as condições de ajuda e com a segurança da população civil que enfrenta uma intensificação dos conflitos na Libéria, e faz um apelo para que as questões humanitárias recebam prioridade absoluta nas discussões de paz que acontecem em junho em Gana.

Apenas 2 dos 15 condados não foram atingidos ainda pela guerra na Libéria, e a frente de batalha está a poucos quilômetros da capital Monróvia, de onde milhares de pessoas deslocadas já fugiram. Na parte leste do país, o conflito já chegou a Harper, obrigando mais de 10.000 pessoas a fugir para Costa do Marfim, onde a segurança ainda é precária.

A equipe de MSF que trabalhava no hospital da cidade foi forçada a fugir a pé até Tabou, na Costa do Marfim. Os profissionais estrangeiros e liberianos vinham trabalhando em Harper desde 1998 e realizavam por mês cerca de 200 internações e 2.000 consultas.

As atividades de MSF incluíam cirurgias, obstetrícia e um programa especializado no tratamento da tuberculose. Trinta crianças também estavam recebendo tratamento no centro de nutrição terapêutica.

Agora, apenas 2 condados, Margibi e Grand Bassa, não foram afetados diretamente pelos conflitos. Mesmo em áreas que permanecem acessíveis, a ajuda e a segurança oferecida à população civil não são suficientes. Os campos de Montserrado, a poucos quilômetros da capital Monróvia, foram atacados e saqueados mais de uma vez. 50.000 pessoas se encontram encurraladas entre a frente de batalha, o mar e o rio Saint Paul.

A distribuição de alimentos está suspensa desde o fim de março e o número de crianças subnutridas cresceu bastante. O condado de Lofa, no noroeste da Libéria, permanece isolado de qualquer tipo de ajuda humanitária por mais de dois anos. Testemunhos colhidos pela equipe de MSF de refugiados liberianos e deslocados internos indicam que há violência dirigida aos civis, por parte dos dois lados em conflito.

MSF apela às partes em conflito que garantam a segurança de profissionais de ajuda humanitária para que eles possam oferecer assistência à população em toda Libéria.

Apesar do alto índice de insegurança e da limitação drástica de possibilidade de intervenção, MSF continua a trabalhar no campo de deslocados internos em Bong, onde há cerca de 50.000 pessoas deslocadas, e nos campos de Montserrado. Equipes de saúde e cirúrgicas também estão presentes no hospital de Redemption em Monróvia e em inúmeras clínicas da capital.

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