Iêmen: “A morte pode vir de qualquer lugar”

Profissional de MSF conta como está a situação de violência na cidade de Aden

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A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está respondendo às necessidades dos civis afetados pela violência em andamento no Iêmen. Atualmente, 31 profissionais internacionais e 534 profissionais iemenitas de MSF estão trabalhando no país. Desde 19 de março, MSF tratou mais de 1.266 pacientes feridos de guerra, mas continua extremamente difícil a movimentação pelo país para avaliar as necessidades e prestar assistência, devido aos confrontos e ataques aéreos. Até o momento, MSF enviou cerca de 100 toneladas de suprimentos médicos ao Iêmen, mas um bloqueio naval está causando uma grave escassez de combustível, que está tornando difícil o funcionamento de hospitais.

Abaixo, um profissional de MSF descreve a situação na cidade de Aden:

“Eu não sei exatamente como posso descrever a situação em Aden em uma palavra além de ‘trágica’. Há regiões que estão completamente vazias. As pessoas deixaram esses lugares na medida em que estavam desprovidos do  básico, como eletricidade, água e alimentos, além da deterioração extrema da situação de segurança que está prejudicando o andar de suas vidas.

Depois de deixarem suas casas, falta a algumas pessoas não só água e alimentos, como também um lugar para dormir. Algumas batem à porta de outras pessoas pedindo para ficar em suas casas. Os hotéis que ainda estão funcionando receberam muitos deslocados internos. Alguns quartos estão ocupados por uma ou duas famílias.

MSF ainda está presente em Aden e nós ainda estamos recebendo feridos diariamente. Nós recebemos centenas de feridos desde o começo dos confrontos, em 19 de março. No entanto, estamos enfrentando muitas dificuldades.

A movimentação é extremamente difícil e, às vezes, perigosa. Recentemente, nós não pudemos chegar ao posto de saúde de Crater, que estamos apoiando. O hospital de MSF está no meio dos confrontos. Nós ouvimos bombardeios e ataques aéreos a toda a hora. As janelas do hospital foram quebradas várias vezes. O hospital e a ambulância foram atingidos por balas perdidas na medida em que franco-atiradores estão presentes nos arredores da região e o conflito ainda está em andamento.

Aden virou de cabeça para baixo. Agora, o aeroporto está danificado. Muitas áreas foram demolidas. Quando você anda pela cidade, você se sente chocado e não acredita que está ali. A morte pode vir de qualquer lugar e está em todos os lugares.”

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