Haiti: violência força MSF a fechar hospital em Porto Príncipe

Decisão, tomada após meses de intensos confrontos armados na área central da cidade, ocorre pela falta de garantias da segurança dos pacientes e da equipe médica

Centro de Emergência de MSF em Turgeau, no Haiti. © Alexandre Marcou/MSF

Médicos Sem Fronteiras (MSF) foi forçada a fechar permanentemente o Centro de Emergência em Turgeau, no Haiti, devido à crescente insegurança na região central de Porto Príncipe, capital do país. A unidade de saúde já havia suspendido temporariamente os atendimentos em março de 2025, após um ataque a um comboio da organização.

“Há semanas, a área central de Porto Príncipe tem vivenciado uma onda de violência armada regular. Se as atividades médicas fossem retomadas neste hospital, elas seriam severamente comprometidas pelo nível de risco para nossos pacientes e profissionais de saúde. O prédio está localizado perto da linha de frente dos confrontos e já foi atingido diversas vezes por balas perdidas, o que torna a retomada das atividades muito perigosa”, relata Jean-Marc Biquet, coordenador-geral de MSF no Haiti.

 

MSF lamenta profundamente essa difícil decisão, que foi tomada como último recurso.”

Jean-Marc Biquet, coordenador-geral de MSF no Haiti

 

Em março de 2025, as atividades no Centro Emergência de Turgeau tiveram que ser suspensas temporariamente após um grave incidente de segurança que colocou em risco a vida dos profissionais da organização. Desde a interrupção, uma série de avaliações técnicas de proteção balística foram realizadas para identificar soluções, mas nenhuma opção foi capaz de garantir um nível de segurança necessário para continuar nossas atividades.

“MSF lamenta profundamente essa difícil decisão, que foi tomada como último recurso. O fechamento terá um impacto significativo no acesso à saúde para uma população já gravemente afetada pela violência, instabilidade e condições de vida cada vez mais precárias”, reforça Biquet.

“No entanto, continuamos totalmente comprometidos e trabalhando ativamente em alternativas para manter nosso apoio médico em Porto Príncipe e Carrefour com os serviços de saúde atuais de MSF e ver se outras alternativas podem ser consideradas”, concluiu Biquet.

Antes de retomar as atividades médicas no centro de Porto Príncipe e em Carrefour, MSF aguarda a assinatura de um acordo que estabelecerá a abertura de um corredor humanitário entre as duas cidades. Esta etapa é crucial e pré-requisito para o retorno das atividades que estão suspensas desde março de 2025.

MSF lamenta essa situação e pede a todas as partes em conflito que respeitem o trabalho humanitário e médico. A ação médica deve ocorrer em total neutralidade, em uma zona protegida da violência, a fim de continuar respondendo às necessidades urgentes das populações em situação de vulnerabilidade.

Equipes de MSF continuam fornecendo cuidados médicos na capital Porto Príncipe por meio do hospital Tabarre, do centro de emergência de Cité Soleil, da clínica Pran Men’m, do atendimento de saúde primária em Delmas 4; Bel Air; Bas Bel Air/La Saline e, da maternidade Isaïe Jeanty em parceria com o Ministério da Saúde e apoio da população.

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