Gaza vive dia com mais mortes de pessoas que buscavam ajuda e ameaça a hospital

Ataque também provocou queda na comunicação por internet, complicando ainda mais ação humanitária

A Faixa de Gaza viveu nesta quinta-feira (12/06) um dia de grande caos, com graves consequências para o trabalho de Médicos Sem Fronteiras (MSF) e de outras organizações humanitárias.

Prosseguiram os incidentes sangrentos relacionados à distribuição de ajuda pela Fundação Humanitária de Gaza (FHG), um ataque atingiu linhas de comunicação e provocou o corte em massa das conexões de internet e as forças israelenses emitiram novas ordens de desocupação que incluem quarteirões onde está situado o hospital Nasser, uma das poucas instalações de saúde do território ainda capaz de realizar atendimentos de maior complexidade.

“A entrega de suprimentos por empresas privadas de logística e segurança, assim como por atores locais armados, desrespeitando princípios humanitários, impondo restrições de acesso e movimento a agências humanitárias e promovendo o deslocamento constante da população, tudo isso com o pano de fundo de 20 meses de bombardeios diários intensos, estão empurrando a frágil ordem social de Gaza à beira do colapso”, afirmou o coordenador de programas de emergência de MSF em Gaza, José Mas.

O número de pessoas mortas nas proximidades de locais de distribuição de suprimentos pela FHG segue crescendo.

Na quarta, 11 de julho, a clínica de Al Mawasi, apoiada por MSF, recebeu 32 vítimas, incluindo três que chegaram mortas ao local.

O hospital de campanha do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) recebeu 160 vítimas, incluindo cinco já mortas e três que morreram pouco depois.

Nesta quinta, 12, o hospital do CICV atendeu 125 pessoas, com três declarados mortos na chegada ao local. A maioria dos mortos e feridos são palestinos que estavam tentando receber algum tipo de ajuda nos pontos de distribuição da FHG.

A queda parcial das comunicações foi mais um golpe severo à já abalada resposta médica e humanitária, colocando em risco iminente a vida de nossas equipes e pacientes.

“Tivemos pouquíssimas notícias de nossas equipes em Gaza durante mais de 12 horas. A falta de internet e a disponibilidade limitada de linhas telefônicas torna ainda mais difícil que equipes médicas e humanitárias coordenem os movimentos de pessoal e suprimentos, chamem ambulâncias e gerenciem a segurança de nossas equipes em uma das zonas de guerra mais mortais do mundo”, disse Mas.

Além disso, a possibilidade de o hospital Nasser ser bombardeado ou atingido por ataques na área onde está localizado é considerada “aterradora”.

“O hospital tem setores que não podem ser evacuados sem colocar a vida dos pacientes em grave perigo, porque o equipamento especializado que ele tem não está disponível em nenhum outro lugar no sul de Gaza, incluindo incubadoras para os 17 bebês que atualmente estão na unidade de terapia intensiva”, afirmou Mas.

 

 

 

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