França: acampamentos humanitários devem oferecer abrigo aos refugiados, e não vetar sua entrada

No último mês, 40 migrantes foram impedidos de entrar no acampamento para refugiados em Grande-Synthe, mesmo havendo espaço para acomodar mais pessoas no local

França: acampamentos humanitários devem oferecer abrigo aos refugiados, e não vetar sua entrada

Na quinta-feira, 7 de julho, seis homens afegãos foram proibidos de entrar no acampamento para migrantes em Grande-Synthe, no norte da França. Estruturado em março deste ano, o acampamento foi construído para oferecer abrigo a todos os refugiados que precisam de alojamento seguro e de serviços básicos. A câmara municipal, que gerencia o local juntamente com o governo francês e a administradora do campo, a associação AFEJI, estão dizendo que homens viajando sozinhos não terão permissão para entrar no acampamento. Essa decisão surge em meio à pressão crescente sobre os refugiados por parte das autoridades do norte da França. A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) está extremamente preocupada com essa decisão e pede que ela seja imediatamente revogada.

“Oitenta por cento das pessoas do acampamento são homens que estão viajando sozinhos”, explica Franck Esnée, coordenador de MSF no local. “Ao negar-lhes acesso ao acampamento, as autoridades responsáveis pela gestão do local estão negando seu próprio objetivo, que é oferecer aos imigrantes condições de vida decentes, independentemente de quem eles sejam.”

Não é a primeira vez que refugiados que tentam entrar no acampamento de Grande-Synthe têm seu acesso negado. Somente entre os dias 22 de junho e 2 de julho, MSF registrou 34 imigrantes – entre eles, três menores de idade, um homem deficiente e uma gestante – que inicialmente tiveram vetada sua entrada no local. Essas pessoas foram barradas pela administradora do acampamento, a associação AFEJI, mesmo havendo, na ocasião, espaço suficiente para acomodar mais gente. Além disso, autoridades do governo local divulgaram uma carta no acampamento, na qual ameaçavam expulsar imigrantes caso permanecessem ali por muito tempo. Isso vai contra os princípios fundamentais do acampamento, que MSF construiu em parceria com o prefeito de Grande-Synthe.  

MSF faz um apelo ao governo francês para que anule essa decisão e reestabeleça políticas que, de fato, ofereçam assistência aos migrantes no norte da França. MSF ressalta que esse acampamento deve permanecer aberto aos migrantes que buscam refúgio. Restrições de entrada não devem ser aplicadas se a capacidade de lotação do local ainda não tiver sido atingida.  

Restringir a entrada no acampamento trará consequências desastrosas para os migrantes que precisam de assistência. Ao lado dos diversos voluntários e organizações parceiras que trabalham ali, MSF está determinada a provar que existe uma política alternativa para receber e acolher os refugiados.

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