Dia Mundial da Alimentação: MSF pede revisão de padrão antiquado de ajuda alimentar

Cerca de 55 milhões de crianças podem ter suas vidas salvas caso haja uma mudança no tipo de assistência nutricional oferecida

Amanhã, comemora-se o Dia Mundial de Alimentação. A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) aproveita a ocasião para pedir que a ajuda alimentar oferecida aos países que enfrentam emergência nutricional passe a incluir alimentos de origem animal, ricos em nutrientes fundamentais para a dieta das crianças com menos de cinco anos, as principais vítimas da desnutrição.

"Cerca de 55 milhões de crianças sofrem de desnutrição moderada e outras 20 milhões de desnutrição aguda grave em todo o mundo. A inclusão desses alimentos pode salvar a vida de muitas crianças, evitando que as que sofrem de desnutrição moderada atinjam o nível mais grave da doença", explica a pediatra paulista Maria Cláudia Soares, que atuou na crise alimentar registrada este ano na Etiópia. Ela relatará sua experiência em uma palestra no dia 16, às 17h, no estande da exposição "Médicos Sem Fronteiras no Mundo", montado na Estação Carioca do Metrô do Rio.

Apesar de a desnutrição ser responsável pela morte de mais de 3,5 milhões de crianças com menos de cinco anos em todo o mundo, os programas de ajuda alimentar não mudaram nos últimos 30 anos. No caso das crianças com desnutrição moderada, a ajuda alimentar oferecida, feita com cereais, ajuda a matar a fome, mas não contém os nutrientes necessários para reverter a condição e evitar que níveis mais graves de desnutrição sejam registrados.

Para os desnutridos graves, o problema é um pouco diferente. As Nações Unidas já têm uma clara recomendação para o tratamento, mas apenas 5% das crianças que dele precisam chegam a recebê-lo. MSF acredita que é necessário fazer com que as crianças tenham acesso a alimentos de alto valor nutritivo antes de ficarem muito doentes.

MSF adotou recentemente como padrão o fornecimento mínimo de alimentos de origem animal para tratar as crianças desnutridas e começou a implementar essa estratégia em seus programas nutricionais em todo o mundo. Em 2006 e 2007, a organização tratou mais de 150 mil crianças desnutridas em 22 países com alimentação terapêutica e suplementar.

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