Dia Internacional da Mulher: estupro e violência sexual em Darfur, Sudão

81% das vítimas são atacadas por milícias ou militares que usam a violência sexual como arma de guerra para desestabilizar ou ameaçar a população civil. Além de não receberem tratamento adequado, as mulheres sofrem com o estigma e a rejeição

Mulheres e meninas que vivem na região em guerra de Darfur, Sudão, continuam a sofrer estupros e outros tipos de violência sexual.

Entre outubro de 2004 e fevereiro de 2005, médicos de MSF trataram cerca de 500 mulheres e meninas, em vários locais no sul e no oeste de Darfur, que haviam sido estupradas. MSF acredita que esse número reflete apenas uma parte do total de vítimas, já que as mulheres têm medo de registrar queixa ou buscar tratamento.

Quase 1/3 (28%) das sobreviventes dos estupros que buscam tratamento junto a MSF informam que foram estupradas mais de uma vez. Em mais da metade dos casos, o estupro é acompanhado por outro tipo de violência física.

Mulheres disseram a MSF que elas foram espancadas com varas, chicotes ou machados, antes, durante ou depois do estupro. Algumas das mulheres estupradas estavam grávidas de até oito meses no momento do estupro.

A maioria das sobreviventes diz que os ataques ocorrem quando as mulheres deixam a 'segurança' das cidades ou dos campos de deslocados para exercerem atividades indispensáveis para a sobrevivência da família, como buscar lenha ou água.

81% das 500 mulheres estupradas tratadas por MSF informaram terem sido atacadas pela milícia ou por militares que usam suas armas para forçá-las ao estupro. Em Darfur, como em outros conflitos, o estupro tem sido um instrumento bastante utilizado de guerra. É usado para desestabilizar ou ameaçar a população civil, quase sempre um grupo em particular.

Ao invés de receberem cuidados médicos e psicológicos, as mulheres e meninas estupradas ou violentadas enfrentam o estigma e a rejeição.

"Apesar das conseqüências devastadoras, o estupro em Darfur e em outros conflitos não vem recebendo a atenção que a gravidade exige”, disse Kenny Gluck, Diretor de Operações de MSF em Amsterdã. “Isto tem que mudar. É hora de por um fim a este crime horrível que é uma clara infração à lei humanitária internacional. Os responsáveis devem ser processados”.

MSF apela ao governo local e a outras instituições que oferecem cuidados de saúde em Darfur, ou em qualquer outro lugar, para que ofereçam o tratamento adequado às vítimas de violência sexual e ajudem a acabar com o estigma e a rejeição sofridas pelas vítimas de estupro.

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