Dezenas de milhares de deslocados precisam de mais assistência humanitária urgentemente em Agok, Sudão do Sul

População se viu forçada a fugir após onda de violência armada; muitos permanecem sem abrigo.

Os recentes confrontos armados na Área Administrativa Especial de Abyei resultaram no deslocamento em massa da população para o norte, em direção à cidade de Abyei, e para o sul, em direção ao condado de Twic, no estado de Warrap. Como resultado, Médicos Sem Fronteiras (MSF) adaptou suas atividades na região para atender às necessidades urgentes da população afetada na Área Administrativa Especial de Abyei e no estado de Warrap.

Em 10 de fevereiro, fortes confrontos eclodiram na cidade de Agok, o que resultou em dezenas de milhares de pessoas fugindo da área e fez com que MSF suspendesse temporariamente as operações em seu hospital de Agok. MSF retomou algumas atividades médicas e consultas no hospital em 17 de fevereiro.

No entanto, a situação de segurança em Agok voltou a se deteriorar, com a eclosão de mais violência armada no dia 5 de março. As pessoas que permaneceram na região ou que retornaram desde a onda inicial de violência que ocorreu em fevereiro também fugiram. A violência armada também eclodiu no distrito de Abyei, causando mortes, ferimentos e deslocamentos.

“Desde as mais recentes eclosões de violência, não há mais pacientes entrando no hospital de MSF em Agok. A equipe de MSF em Agok foi temporariamente transferida para a cidade de Abyei para responder às necessidades médicas urgentes lá. Também estamos respondendo às necessidades urgentes da população recém-deslocada no condado de Twic”, disse Trish Newport, coordenadora-geral de MSF. “Continuaremos monitorando o contexto e as necessidades médicas e, se necessário, adaptaremos nossas operações ainda mais para responder onde as necessidades são maiores”.

Cerca de 32 mil pessoas fugiram para quatro locais do condado de Twic

Nas últimas três semanas, MSF tem respondido às necessidades urgentes da população deslocada em quatro locais no condado de Twic (Turalei, Wunrok, Mayem Abun e Nyindeng Ayuel), para onde aproximadamente 32 mil pessoas fugiram após a violência em torno de Agok. A maioria dos deslocados são mulheres e crianças. Eles se estabeleceram ao ar livre, muitos deles, perto de pântanos ou rios, sem qualquer abrigo. Essas pessoas saíram sem nada, e muitas viram seus pertences, incluindo dinheiro, destruídos ou perdidos.

“As pessoas com quem conversamos disseram que não têm alimentos. Esta é a sua maior preocupação. Elas também estão preocupadas em não conseguir se proteger contra os mosquitos à noite”, compartilhou Newport. “O acesso à água limpa também é muito limitado e muitos estão usando água dos rios próximos. Estamos profundamente preocupados com o impacto que essas condições de vida muito precárias terão na saúde das pessoas”.

As comunidades anfitriãs que acolheram os deslocados têm pouco, ou mesmo nada, e os serviços à sua disposição não cobrirão as necessidades das pessoas recém-chegadas. MSF doou medicamentos e equipamentos para as estruturas de saúde para garantir que não fiquem sem os itens médicos mais essenciais. Além disso, MSF iniciou o atendimento com clínicas móveis, com foco em áreas onde não há acesso a cuidados de saúde.

Desde 27 de fevereiro, MSF fornece alimentos nos quatro locais, além de distribuir itens essenciais não alimentares, como galões, sabão, redes mosquiteiras e cobertores. No entanto, as necessidades permanecem enormes e urgentes.

“MSF sozinha não pode cobrir as terríveis necessidades de alimentos, abrigo e saneamento para o grande número de pessoas deslocadas por muito tempo”, disse Newport. “As atividades humanitárias precisam ser ampliadas para acomodar a situação atual nas regiões de Abyei e do condado de Twic. Estamos apelando a outras organizações para responder urgentemente a esta emergência”.

Desde 2006, MSF presta serviços médicos essenciais e vitais na Área Administrativa Especial de Abyei, uma zona contestada, localizada na fronteira entre o Sudão do Sul e o Sudão. Pouco depois, em 2008, MSF abriu o hospital em Agok, uma cidade na Área Administrativa Especial de Abyei. A instalação oferece serviços médicos essenciais e que salvam vidas, como atendimento de emergência, obstetrícia, vacinação, alimentação terapêutica, cirurgia, tratamento para HIV/Aids, tuberculose, diabetes e demais doenças, além de vários outros serviços de saúde. MSF também gerencia serviços de saúde baseados na comunidade em 24 vilarejos ao redor do hospital de Agok, a fim de levar o teste e o tratamento da malária para onde essas populações vivem.

 

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