Criada nova organização para melhorar acesso a medicamentos para doenças negligenciadas

Brasil, Índia, Quênia, Malásia e a organização Médicos Sem Fronteiras juntos para incentivar a Pesquisa e Desenvolvimento de medicamentos para doenças típicas de países carentes. Apenas 10% dos recursos são gastos para 90% das enfermidades mundiais.

Uma nova organização para pesquisa de medicamentos, sem fins lucrativos, foi criada hoje em Genebra com a finalidade de estimular tecnologia de ponta para o desenvolvimento de medicamentos para doenças que afetam as populações mais empobrecidas do mundo. Institutos de pesquisa e de saúde de países como Brasil, Índia, Quênia, França e Malásia, juntaram-se a organização internacional Médicos Sem Fronteiras para a criação da Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi, sigla em inglês para Drugs for Neglected Deaseses Initiative). DNDi irá trabalhar em colaboração com o PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento)/Banco Mundial/Programa Especial da OMS para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais (WHO/TDR), para alcançar seus objetivos.

Apenas 10% dos gastos mundiais com pesquisa em saúde vão para doenças que representam 90% das enfermidades registradas no mundo. “Pacientes de países em desenvolvimento estão sendo obrigados a usar medicamentos falhos e com efeitos colaterais significativos,” disse Dr. Yves Champey, diretor interino da DNDi. “Eles merecem mais. DNDi vai mobilizar inovações científicas para criar novos medicamentos para os pacientes mais negligenciados do mundo.”

Na cerimônia de lançamento, os seis membros fundadores se comprometeram a fazer o possível para apoiar as ações da DNDi. As seis organizações são: Fundação Oswaldo Cruz (Brasil), Instituto Pasteur (França), Ministério da Saúde da Malásia, Instituto de Pesquisa Médica do Quênia, Conselho Indiano de Pesquisa Médica e Médicos Sem Fronteiras. A OMS, através do Programa Especial para Pesquisa e Treinamento em Doenças Tropicais, irá participar dos encontros do Comitê Científico Consultor da DNDi como observador, para oferecer consultoria técnica e científica quando necessário.

DNDi espera gastar cerca de 250 milhões de dólares (cerca de 750 milhões de reais) nos próximos 12 anos para desenvolver 6-7 novos medicamentos e inúmeros outros que já estão com pesquisas em andamento, para combater a Doença do Sono, Leishmaniose e a Doença de Chagas – três doenças fatais que ameaçam a vida de 350 milhões de pessoas a cada ano. Para melhorar as chances de sucesso a curto e médio prazos, a organização irá desenvolver medicamentos a partir de componentes já conhecidos assim como financiar e coordenar pesquisas que identifiquem novos compostos químicos no sentido de transformá-los em medicamentos.

Nos últimos meses, DNDi identificou um número promissor de projetos de desenvolvimento de medicamentos. Além disso, com a ajuda da TDR, DNDi enviou cartas à comunidade científica, em fevereiro de 2003, convidando os interessados a contribuir.

“A impressionante resposta – 71 idéias de projetos submetidas até agora – mostra que o conhecimento científico para essas doenças negligenciadas existe e está aguardando para ser descoberto,” disse Yves Champey. “O que falta é a estrutura capaz de colocar as idéias mais promissoras no processo de desenvolvimento de novas drogas. DNDi irá oferecer essa estrutura, capitalizando a capacidade existente de desenvolvimento de medicamentos e a experiência, nos países afetados.”

DNDi será a primeira organização sem fins lucrativos a concentrar-se exclusivamente nas principais doenças negligenciadas do mundo. Distanciando-se das tradicionais estruturas de parceria Público/Privado (PPP), DNDi pretende levar o desenvolvimento de medicamentos para fora do mercado, encorajando o setor público a assumir maior responsabilidade pela saúde. Este princípio básico está refletido na composição dos membros fundadores, já que 4 deles são instituições públicas.

O sucesso da DNDi irá depender não apenas das doações governamentais e privadas, mas também da contribuição de indústrias farmacêuticas, para por exemplo, o acesso aos acervos bibliográficos, à ‘expertise’ e às estruturas de Pesquisa e Desenvolvimento.

Todos os membros fundadores estarão em Genebra nos dias 3 e 4 de julho para o lançamento da DNDi. Para mais informações e para entrevistas com os fundadores da organização, favor entrar em contato com Flávio Guilherme, no telefone  (21) 2215-8688 .

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