Conheça 5 crises migratórias em que MSF atua

O número de projetos de MSF que trabalham com pessoas deslocadas mais do que dobrou desde 2012

Conheça 5 crises migratórias em que MSF atua

No último ano, mais de 68,5 milhões de pessoas haviam sido obrigadas a deixar suas casas segundo dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur). Isso não significa que todas elas chegaram a deixar seu país. Muitas se veem obrigadas a fugir para outros lugares dentro da própria fronteira e ficam com sua vida em suspenso, vivendo de forma temporária em campos improvisados, sem saber quando poderão retornar a seus locais de origem. Outras pessoas, tentam recomeçar suas vidas em outros países e encontram inúmeras barreiras e mais violência nem suas jornadas.

Conheça alguns dos contextos em que atuamos atendendo pessoas forçadas a se deslocar.

Rohingyas

Os rohingyas são uma minoria étnica marginalizada em Mianmar, que têm sofrido nas últimas décadas com crescentes ações de exclusão e perseguição. Embora já houvesse fluxos migratórios dessa população para Bangladesh e a Malásia, o êxodo provocado por uma campanha de violência direcionada a eles em agosto de 2017 foi sem precedentes. Mais de 600 mil rohingyas fugiram para o distrito de Cox’s Bazar, em Bangladesh, no período de poucos meses.

MSF já trabalhava na região atendendo comunidades rohingyas, mas teve que aumentar enormemente e com rapidez suas atividades. No começo de 2019, completamos 1 milhão de consultas oferecidas a essa população desde agosto de 2017. Mais de dois anos depois do ápice da crise, as condições de vida dos refugiados em Bangladesh permanecem precárias, com forte impacto em sua saúde mental. Por isso, entre agosto de 2017 e setembro de 2019, realizamos 38.904 consultas individuais de suporte psicossocial e 55.170 sessões em grupo.

Sírios

A guerra da Síria já se encaminha para o seu nono ano e provocou uma enorme crise migratória. Segundo o Acnur, quase 6 milhões de pessoas deixaram o país desde 2011. Embora o fluxo rumo à Europa seja o que mais chama a atenção da mídia, são os países vizinhos (Líbano, Jordânia e Iraque) que recebem a grande maioria dos refugiados.

Por ser uma crise prolongada, muitas pessoas que fugiram do país necessitam de cuidados para doenças crônicas, pois ficaram sem tratamento depois que tiveram de deixar suas cidades sem a perspectiva de quando poderão retornar. Para além do atendimento emergencial em clínicas em campos de refugiados, MSF adaptou sua oferta de cuidados para responder a essa necessidade. No Líbano, atendemos, por exemplo, idosos com doenças crônicas como hipertensão e diabetes em domicílio.

Rota de migração mexicana

O triângulo norte da América Central, formado por Guatemala, Honduras e El Salvador, compreende algumas das cidades mais violentas do mundo. Não por coincidência são desses três países a maioria dos migrantes que tentam cruzar o México em busca de uma vida melhor no norte. Porém, a violência também os acompanha em seu trajeto através do território mexicano e MSF mantém programas de cuidados médicos e de apoio psicossocial ao longo da rota migratória. O acordo assinado entre os governos dos Estados Unidos e do México, que exige desde janeiro de 2019 que as pessoas permaneçam em território mexicano durante o processo de pedido de asilo, forçaram a população migrante a permanecer desassistidos em cidades extremamente violentas.

Venezuelanos

A crise político-econômica em curso na Venezuela levou milhares de pessoas a deixarem o país. O Brasil recebe, apenas pela fronteira com o estado de Roraima, cerca de 600 venezuelanos todos os dias. Porém, a Colômbia é de longe o país que mais vem acolhendo esses migrantes. O grande influxo de venezuelanos representa uma sobrecarga no sistema de saúde colombiano e por isso MSF trabalha para ajudar a atender as necessidades dessa população, em especial nos estados próximos à fronteira entre os dois países. Durante os três primeiros meses de 2019, as equipes de MSF realizaram mais de 9.800 consultas médicas com migrantes em áreas de fronteira da Colômbia; 40% delas para crianças com menos de 5 anos de idade.

Em Roraima, desde o fim de 2018, MSF oferece suporte psicossocial aos migrantes e solicitantes de asilo da Venezuela. Em julho de 2019, equipes de MSF passaram também a oferecer atendimento médico no estado a venezuelanos e brasileiros.

Mar Mediterrâneo

Desde 2015, o número de pessoas que tentam cruzar o mar Mediterrâneo vem diminuindo: de uma estimativa de mais de 1 milhão de pessoas em 2015 para 110 mil em 2018. Porém, a travessia vem se tornando cada vez mais mortal, com um aumento de 400% no número de mortes para o mesmo período. As políticas da União Europeia de financiamento da guarda costeira da Líbia para que eles impeçam que as pessoas completem a travessia, cria um contexto de maior desespero e faz com que as pessoas tentem alternativas cada vez mais inseguras.

MSF participa de operações de busca e salvamento no mar Mediterrâneo há quatro anos. Atualmente, mantemos o navio Ocean Viking em operação com a organização SOS Mediterranee. Somos responsáveis por fazer o atendimento das pessoas resgatadas de embarcações improvisadas. Entre os casos mais comuns estão hipotermia e o tratamento de queimaduras químicas provocadas pela mistura de combustível de barco e água salgada em contato com a pele. Também não é raro que as pessoas precisem de atendimento para feridas antigas, em alguns casos resultado de tortura sofrida na Líbia.

 

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