Conferência de países doadores para o Iêmen: “só dinheiro não é o suficiente”

Mercedes Tatay, secretária médica internacional de MSF, reflete sobre as promessas dos países doadores

Em resposta à conferência de doadores para o Iêmen, que acontece em Genebra, na Suíça, a secretária médica internacional de MSF, Mercedes Tatay, afirmou que “dinheiro por si só não é suficiente para atender às urgentes necessidades humanitárias no Iêmen. Os compromissos feitos hoje pelos países doadores são obviamente essenciais, mas devem ser complementados por ações muito mais robustas localmente. Pelo que nossos pacientes e nossas equipes locais nos dizem, a assistência humanitária ainda não está sendo acessada por muitas comunidades afetadas no Iêmen. Isso se deve em grande parte aos combates que bloquearam certas partes do país e às barreiras administrativas que dificultam, às vezes impossibilitando, a oferta de ajuda e a chegada de trabalhadores humanitários em áreas onde as necessidades são maiores. Mesmo nas áreas remotas mais acessíveis, outras organizações humanitárias devem estar presentes e atendendo às necessidades dos pacientes.”

“Ao mesmo tempo, as pessoas continuam enfrentando imensos desafios para chegar às instalações médicas. As restrições às importações aumentam os custos de combustível além do poder de compra da população. Muitas instalações de saúde ficaram sem suprimentos, foram abandonadas ou danificadas pela conduta brutal das partes em combate. Nas poucas instalações de saúde ainda operantes, muitos profissionais não recebem seus salários há mais de um ano e são obrigados a procurar emprego remunerado em outro lugar.”

“Além disso, as necessidades no Iêmen devem ser o único fator a determinar como o dinheiro doado deverá ser alocado. Os governos doadores, particularmente aqueles envolvidos no conflito, não devem usar suas doações como plataforma política no Iêmen, já que isso pode ser mais prejudicial para as comunidades onde as barreiras existentes já estão bloqueando a oferta de ajuda. Somente quando essas questões forem abordadas de forma abrangente poderemos esperar uma oferta eficiente de ajuda, onde as comunidades mais vulneráveis são capazes de receber a assistência que necessitam."
 

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