Conduzindo em prol da saúde no Sudão do Sul

Peter Konyi é motorista de MSF na Área Administrativa de Pibor, uma vasta área próxima da fronteira com a Etiópia. Em Histórias de MSF, ele compartilha as suas experiências, os desafios e a sua paixão por seu trabalho.

Quando um paciente está em estado crítico, é uma emergência. Por isso, mesmo quando estou em casa num sábado ou num domingo, quando recebo um telefonema dizendo que há uma pessoa doente e que precisa de ajuda, venho imediatamente”.

Maruwa
O meu nome é Peter Konyi. Sou motorista de MSF em Maruwa, no Sudão do Sul.
Maruwa está localizada na Área Administrativa da Grande Pibor, uma área extensa e isolada no leste do país. As pessoas enfrentam barreiras reais no acesso aos cuidados de saúde aqui. MSF opera o único centro de saúde da região e, especialmente na estação das chuvas, as estradas ficam inundadas e intransitáveis, até mesmo para os nossos veículos que são apropriados para terrenos irregulares. Chegar e sair do centro de saúde pode ser quase impossível para as pessoas locais, muitas são pastores de gado seminômades.

É por isso que, quando o nível das águas sobe, minha equipe estaciona os carros e usa barcos para levar as equipes das clínicas móveis às comunidades e para transportar os pacientes para o nosso centro de saúde.
É assim que garantimos que nossas ambulâncias se adaptem às variações do tempo e do terreno.

Minha jornada com MSF
Comecei a trabalhar com MSF em 2014 e, nos últimos 7 anos, tenho transportado pacientes que necessitam de cuidados médicos.

Iniciei minha atuação com a equipe de Pibor, que fica na mesma região. Em 2020, esse projeto foi encerrado, mas, felizmente para mim, me disseram que MSF estava iniciando atividades em Maruwa, e que aqueles que quisessem trabalhar poderiam se candidatar. Então, felizmente, voltei para MSF em 2021.
Importante e significativo

Continuo trabalhando com MSF por causa das pessoas que precisam de assistência, as pessoas das aldeias, da cidade, de qualquer comunidade.

Ajudamos eles. Como motoristas, levamos os pacientes aos cuidados de saúde e, após o tratamento, de volta às suas casas e sentimos que o nosso trabalho foi importante e significativo.

Trabalho de equipe que salva vidas

Em MSF, trabalhamos em equipe, seja você médico, motorista ou de qualquer outra área de atuação. Todos são escolhidos pelas habilidades que podem trazer, independentemente de sua origem, comunidade ou qualquer outra condição. Somos complementares, e esse trabalho de equipe em MSF é o que torna as atividades possíveis.

O mesmo acontece com o paciente: ao chegar em uma instalação de MSF, ninguém pergunta se ele é do grupo étnico Nuer, ou Dinka, ou se é de Bor ou Murle. Não há discriminação, e todos são tratados igualmente.

É isso que me deixa feliz em trabalhar para MSF.

Adaptação a novas crises

Em 2022, aceitei um novo desafio e visitei o projeto de MSF em Maban, a cerca de 400 km ao norte.
Maban é propensa a inundações sazonais, mas nos últimos anos, a sua gravidade e duração têm sido muito piores do que o habitual. A transferência de pacientes por estrada estava se tornando impossível, mas nenhum membro da equipe sabia conduzir barco.

Por essa razão, fui e compartilhei os meus conhecimentos, treinando os motoristas de lá para que o trabalho das ambulâncias pudesse continuar apesar das inundações. Agora, todos em Maban podem se beneficiar dessa melhoria.

Seguindo em frente

Gosto muito do meu trabalho, e os meus colegas também estão satisfeitos. A presença de Médicos Sem Fronteiras (MSF) é de grande ajuda para o Sudão do Sul. Sem MSF, estaríamos muito vulneráveis porque não há outros serviços de saúde ou de assistência humanitária na região. Esperamos que MSF continue aqui. Queremos que o nosso país cresça e se desenvolva e não que se afunde porque as pessoas estão doentes e não conseguem tratamento.

Voltei a trabalhar em MSF para que a organização possa seguir em frente, e isso significa que também estou progredindo. O salário que eu e meus colegas recebemos paga as mensalidades escolares de nossos filhos. Isso significa que quando chegar o momento de MSF deixar essa área, pelo menos algumas crianças serão educadas e toda a comunidade poderá se beneficiar disso.

Quero que todos avancem, afinal de contas, eu sou um condutor.

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