Centenas de migrantes detidos após prisões em massa em Trípoli, Líbia

Refugiados e solicitantes de asilo são mantidos em condições insalubres em centros de detenção superlotados

Centenas de migrantes detidos após prisões em massa em Trípoli, Líbia
Foto: Aurelie Baumel/MSF

Mais de 600 migrantes, solicitantes de asilo e refugiados, manifestando-se pacificamente por realocação, proteção e evacuação da Líbia foram presos e transferidos para o centro de detenção Ain Zara, na parte sul de Trípoli, onde centenas de migrantes, refugiados e solicitantes de asilo já estão detidos em celas superlotadas e condições de vida precárias”, explica Gabriele Ganci, coordenadora-geral de Médicos Sem Fronteiras (MSF) na Líbia.

“Durante a visita semanal a Ain Zara para prestar assistência médica e mental às pessoas detidas, as equipes de MSF trataram pacientes feridos à faca, com marcas de espancamento e sinais de trauma causados pelas prisões forçadas. Entre eles, haviam pessoas que foram espancadas e separadas de seus filhos durante as batidas”, continua.

Refugiados, solicitantes de asilo e migrantes presos na Líbia, devastada pela guerra, estão ainda mais vulneráveis com a escalada do conflito armado e a disseminação de COVID-19 por todo o país. Atualmente, milhares de homens, mulheres e crianças permaneceram detidos em condições insalubres e de superlotação, com pouco acesso a cuidados de saúde, alimentos e água potável insuficientes e sem possibilidade de distanciamento físico.

MSF pede às autoridades líbias que interrompam as prisões em massa de migrantes e refugiados vulneráveis e libertem todas as pessoas mantidas ilegalmente em centros de detenção.

“Isso não apenas prova mais uma vez como os migrantes estão sujeitos à detenção aleatória e arbitrária – algo que se aplica a praticamente todos os migrantes atualmente na Líbia – mas essas pessoas também são detidas por pedir proteção básica, segurança e tratamento de acordo com o direito humanitário”, explica Ellen van der Velden, coordenadora de operações de Médicos Sem Fronteiras em Amsterdã.

“Mais uma vez, apelamos às autoridades líbias para que cessem as prisões em massa. Também pedimos às mesmas autoridades que encontrem alternativas dignas à detenção, assim como pedimos à UE que pare com seu apoio à perpetração de um sistema interminável de abusos na Líbia”, ela conclui.

Nos últimos dois meses, as equipes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Trípoli, na Líbia, realizaram clínicas móveis semanalmente no centro de detenção de Ain Zara, fornecendo assistência básica de saúde, consultas de saúde mental e serviços relacionados a assuntos humanitários para migrantes, refugiados e solicitantes de asilo detidos na estrutura.

No dia 10 de janeiro, as equipes de MSF puderam prestar assistência médica a 68 pessoas detidas – sete das quais foram encaminhadas a hospitais para receber mais cuidados médicos – e organizaram sessões de aconselhamento em grupo para 190 pacientes dentro do centro de detenção.

MSF trabalha em centros de detenção na Líbia desde 2016, oferecendo às pessoas cuidados básicos de saúde e apoio psicossocial. As equipes de MSF também identificam pessoas vulneráveis e encaminham pacientes que precisam de cuidados especializados para hospitais em toda a Líbia. Além disso, MSF atende pessoas no desembarque após interceptação no mar e atende pacientes com tuberculose na cidade de Trípoli.

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