Bombardeios no norte de Gaza: “Há mortes de todos os tipos e formas”

Profissional de MSF deslocado pela guerra relata situação calamitosa em hospital, em meia à falta de suprimentos médicos essenciais

Após um bombardeio atingir a casa de Mohammed Obeid, cirurgião ortopédico de Médicos Sem Fronteiras (MSF), ele se abrigou no hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza. Em depoimento dado no último dia 22 de outubro, o médico relata a situação no hospital, em meio a um alto número de mortos e feridos.

“Há mortes de todos os tipos e formas no hospital Kamal Adwan e no norte de Gaza. O bombardeio não para. A artilharia não para. Os aviões não param. Há bombardeios intensos, e o hospital também é um alvo. Parece um filme, não parece real.

Cerca de cinco dias atrás, minha casa foi atingida. Explodiram completamente o telhado e os reservatórios de água, mas estávamos no térreo. Uma pessoa ficou ferida. Nos mudamos de lugar algumas vezes, para diferentes áreas. Minha família e meus vizinhos ficaram apavorados. Eu me abriguei no hospital Kamal Adwan com minha esposa e meus filhos. Agora estou trabalhando aqui, onde posso tratar pacientes.

Profissionais médicos estão exaustos, e muitos estão feridos. Nos sentimos sem esperança. Eu não tenho palavras.”

– Mohammed Obeid, cirurgião ortopédico de MSF

Não há palavras para descrever a situação no hospital Kamal Adwan: é calamitosa. O hospital está completamente sobrecarregado. Há pessoas feridas em todos os lugares, fora e dentro do hospital, e não temos equipamentos médicos e cirúrgicos para tratá-los.

As ambulâncias não podem se mover. Não podemos alcançar os corpos das pessoas mortas nem salvar as que estão feridas nas ruas. Muitas morreram antes de chegar ao hospital, e outras vieram a óbito dentro do hospital, pois não podíamos tratar seus ferimentos.

Há 30 pessoas mortas dentro do hospital e cerca de 130 feridas que precisam de cuidados médicos urgentes. Os profissionais de saúde estão exaustos, e muitos também estão feridos. Nos sentimos sem esperança. Eu não tenho palavras.

Pedimos a todos os países do mundo que considerem o norte de Gaza e acabem com o bloqueio que levou à morte de tantas pessoas.”

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