Saúde materna

Mundialmente, cerca de 800 mulheres morreram durante a gravidez ou no parto diariamente em 2017, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) .

A maioria dessas mortes (94%) ocorreu em países de baixa e média renda e a maior parte delas poderia ter sido evitada com cuidados apropriados.

Médicos Sem Fronteiras (MSF) foca na redução das taxas de mortalidade materna e infantil em locais onde o acesso aos cuidados médicos para mães e seus bebês é escasso ou dificultado em decorrência de crises humanitárias.

Isto é feito por meio da oferta de assistência durante a gravidez, consultas de pré-natal, cuidados obstétricos emergenciais, tratamento pós-natal, acompanhamento de mães e bebês que vivem com HIV, acesso a métodos de contracepção e serviços de planejamento familiar.

1.

Acesso à saúde

As patologias que normalmente matam as mulheres durante gestações, partos ou logo depois de darem à luz são as mesmas no mundo inteiro. A diferença está no acesso a cuidados de saúde de qualidade. A grande maioria (94%) das mortes maternas ocorre em países de baixa e média renda, de acordo com dados da OMS de 2017. Cerca de dois terços dessas mortes ocorreram na África Subsaariana e quase um quinto no Sul da Ásia. Em países mais ricos, a disponibilidade de tratamentos efetivos e financeiramente acessíveis previnem as condições que continuam matando mulheres em regiões em desenvolvimento.

Da mesma forma, as fístulas obstétricas – uma condição que afeta mulheres que passam por longos períodos de obstrução durante o parto – foram erradicadas nos países mais desenvolvidos no fim do século XIX, quando as cesarianas se tornaram amplamente disponíveis. Contudo, em áreas pobres e/ou afetadas por conflitos, as mulheres não têm acesso a serviços obstétricos emergenciais e continuam sofrendo com períodos prolongados de obstrução durante o trabalho de parto, o que faz com que as fístulas ocorram. MSF oferece tratamento para fístulas em países onde os serviços obstétricos são ausentes, inadequados ou carentes de reforço.

2.

Partos

A porcentagem de partos assistidos por equipes médicas qualificadas é de aproximadamente 84% no mundo inteiro, mas isso cai para 65% em relação a países do continente africano. No Chade, apenas cerca de 39% dos partos contam com equipes qualificadas; na Somália, a porcentagem é de 31,9% . Sem cuidados médicos, as gestantes têm chances muito maiores de morrer por hemorragia, obstrução durante o trabalho de parto, eclampsia, consequências de malária ou outras condições.

Em muitos países e por diversas razões, as mulheres dão à luz em casa. Como muitas vezes MSF é a única provedora de cuidados de saúde em uma região, as mulheres frequentemente precisam viajar longas distâncias para chegar até nós. Muitas vezes, elas não iniciam a viagem antes que alguma complicação já tenha se desenvolvido.

Em muitos países onde MSF trabalha, nossas equipes oferecem cuidados durante a gravidez e consultas de pré-natal, além de serviços de emergência obstétrica e assistência pós-natal. MSF também auxilia mulheres grávidas a encontrar hospitais próximos, de modo que já saibam para onde ir quando o trabalho de parto começar.

3.

Mortalidade

As principais causas de mortalidade materna são hemorragias, sepses, eclampsia, abortos inseguros e obstrução durante o trabalho de parto.

As hemorragias, ou sangramentos intensos, são responsáveis por cerca de 27% das mortes maternas. Uma mulher, mesmo saudável, que apresenta hemorragia logo após dar à luz pode morrer em duas horas, especialmente se não receber cuidados obstétricos. A injeção de oxitocina imediatamente após o parto efetivamente reduz o risco de hemorragia.

A eclampsia é outra causa principal de mortes maternas no mundo. O problema é relacionado à hipertensão e se caracteriza pela ocorrência de convulsões que podem levar ao coma e à morte. De acordo com a OMS, 14% das mortes maternas são causadas pela eclampsia. Convulsões causadas por essa complicação podem ser prevenidas durante o pré-natal.

A sepse, infecção sistêmica, é a terceira causa de morte pós-parto, responsável por um quinto dos óbitos relacionados à gravidez e ao parto.

Aborto inseguro é o termo usado para a interrupção de uma gravidez por pessoas sem as competências necessárias, em um ambiente que não está em conformidade com os padrões médicos mínimos, ou os dois. As estimativas colocam o número de abortos inseguros a cada ano em mais de 25 milhões – 97% deles em países em desenvolvimento – levando a pelo menos 22.800 mortes e milhões de complicações graves. Entre as que sobrevivem, muitas sofrem sérias consequências, como infertilidade ou complicações em futuras gestações. Cuidados de saúde sexual e reprodutiva abrangentes podem reduzir consideravelmente o número de abortos inseguros, oferecendo alternativas mais seguras, como planejamento familiar, e identificando e tratando complicações desde o início da gravidez.

A obstrução durante o parto também é uma das principais causas de morte e de doenças. Esse problema pode ser controlado se identificado em estágio inicial, por meio do acompanhamento da mulher em trabalho de parto e da intervenção médica no momento apropriado.

4.

Pós-natal

A taxa de mortalidade materna e neonatal no período pós-parto ainda é alta. Cerca de 30% das mortes maternas ocorrem no pós-natal. Esse período também é perigoso para os bebês: a média global em 2019 foi de 17 óbitos por 1 mil nascidos vivos. A assistência pós-natal é muito importante para garantir o bem-estar físico e mental, tanto das mães como das crianças.

5.

Atividades MSF

MSF trabalha para remediar os “três atrasos” em cuidados obstétricos que muitas vezes são decisivos para salvar a vida tanto da mãe como do bebê. Esses atrasos são: a demora em decidir procurar assistência; a demora em chegar a um centro de saúde e a demora em receber tratamento adequado já no centro de saúde. MSF lançou clínicas móveis que viajam até áreas onde as pessoas normalmente não têm acesso a cuidados de saúde, aliado a sistemas de encaminhamento para identificar, gravidezes de alto risco, possíveis complicações em mulheres grávidas e transferi-las, quando necessário, a postos de saúde ou hospitais onde possam receber os cuidados apropriados. 

Além de garantir acesso a assistência de qualidade em tempo oportuno, MSF também trabalha para reduzir taxas de mortalidade materna e infantil por meio da prestação de cuidados obstétricos, além da assistência pré-natal, pós-natal e durante a gravidez. 

Cuidados obstétricos emergenciais oferecidos por profissionais qualificados, capazes de lidar com partos complicados, podem ser questão de vida ou morte para mulheres que passam por complicações durante o parto ou logo depois dele. Um dos desafios de MSF é encorajar nossas pacientes a fazerem uso dos serviços obstétricos emergenciais. Isso requer a localização de serviços próximos às pessoas que precisam deles, adaptando-os à cultural local e oferecendo-os gratuitamente, uma vez que os nossos pacientes muitas vezes fazem parte dos grupos mais pobres da população, não podendo arcar com gastos em cuidados de saúde. 

Cuidados durante a gravidez e consultas de pré-natal melhoram a saúde das mães nesse período e estimulam o desenvolvimento do feto. Dessa forma, o número de natimortos pode ser reduzido. 

O Afeganistão é um dos países do mundo onde é mais perigoso dar à luz. De todos os partos assistidos por MSF no mundo, um quarto acontece no país. Em 2016, foram 66 mil partos auxiliados por MSF no Afeganistão.

Em 2016, MSF auxiliou em 250.300 partos, incluindo cesarianas.


Página atualizada em fevereiro de 2018. 

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