Após ataque, MSF suspende atividades de ajuda humanitária em Bangassou

Violência crescente na região de Bangassou, na República Centro-Africana, força a retirada de equipes de MSF

Após ataque, MSF suspende atividades de ajuda humanitária em Bangassou

Após um violento assalto à mão armada ontem à noite, que ameaçou a vida de sua equipe, a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) evacuou todos os seus 58 profissionais nacionais e internacionais de Bangassou, uma cidade na região sudeste do país que está em grande parte sob controle de vários grupos armados afiliados às facções anti-Balaka.

 "Tínhamos vontade e meios para permanecer nessas áreas. Mas não podemos colocar a vida da nossa equipe em risco quando as estruturas médicas onde trabalhamos e nossa equipe são ameaçadas", diz Frederic Lai Manantsoa, diretor de MSF no país.

 Na região de Bangassou, meio milhão de pessoas dependiam quase inteiramente dos serviços de MSF para ter acesso a cuidados de saúde. Após ataques, a maioria dos centros de saúde da área não apoiados pela organização ficaram vazios; falta pessoal e os medicamentos e suprimentos médicos mais básicos.

"Hoje, as 30 crianças menores de 5 anos de idade que estiveram em terapia intensiva no hospital de Bangassou não serão vistas por médicos ou enfermeiras. Os 26 pacientes com necessidade urgente de cirurgia serão deixados em seus leitos. As únicas testemunhas externas do que está acontecendo no terreno na área são as tropas da ONU e alguns missionários. A população de Bangassou já começou a sair da cidade, incluindo pacientes criticamente doentes do hospital ", diz Frédéric Lai Manantsoa.

"Diante de necessidades tão enormes e desesperadas, uma organização humanitária internacional como a nossa deve tentar permanecer na área o maior tempo possível. Deixar a população completamente abandonada é uma dolorosa admissão de que somos incapazes de trazer alívio humanitário para uma das mais graves crises humanitárias do mundo no momento por causa de ataques à nossa equipe ".

MSF trabalha na RCA desde 1997 e continua atuando em 10 locais em todo o país. A organização continua a trazer alívio médico às pessoas que vivem atrás das frentes de batalha em rápida evolução que dividem o país, incluindo Bria, Bambari, Alindao, Batangafo, Kabo, Bossangoa, Boguila, Paoua, Carnot e Bangui.

Em 2016, a organização forneceu 1 milhão de consultas médicas, vacinou 500 mil crianças para várias doenças, realizou 9 mil cirurgias e ajudou 21 mil nascimentos no país. No início do ano, no entanto, à medida que o conflito armado se intensificava no país, a organização teve que transformar quatro dos seus 16 projetos médicos (incluindo Bangassou e Zemio), que anteriormente forneciam cuidados de saúde para a população em geral como forma de alívio de emergência, em projetos para as pessoas diretamente ou indiretamente afetadas por conflitos.  
 

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