Alerta de malária nos vilarejos de Serra Leoa

Médicos Sem Fronteiras busca meios de diminuir o número de crianças que pegam a doença e desenvolvem tipo mais grave

Um dos distritos mais populosos de Serra Leoa com meio milhão de habitantes, Bo é tropical e exuberante. O clima quente e úmido não favorece apenas o surgimento de palmeiras, mas também o de mosquitos. Eles triunfam aqui.

Mosquitos são um mecanismo excelente de transmissão da malária, especialmente em uma população de crianças que geralmente são desnutridas e fracas. O reservatório humano para essa doença está sempre em expansão porque o acesso a mosquiteiros e tratamento imediato eficaz até agora é considerado um luxo.

A malária é a principal causa de morte entre crianças com menos de cinco anos.

Em Bo, MSF está tratando a malária em cinco postos de saúde e malária grave em um grande hospital de referência. Quarenta porcento das internações mensais são para tratar malária grave.

MSF tem estudado maneiras de mudar essa dinâmica em locais onde muitas crianças são infectadas e desenvolvem malária grave que traz risco de morte. Uma nova estratégia é enviar uma equipe móvel a vilarejos que estejam localizados a um raio de entre cinco a dez quilômetros de clínicas onde MSF está trabalhando. A idéia é realizar seminários nesses locais para que a população seja educada sobre a malária – a causa , o que eles podem fazer para reduzir os riscos, o que eles devem fazer quando perceberem sinais e sintomas da doença neles e nas crianças.

Esses seminários são divulgados pelos chefes dos vilarejos e atraem entre cem e 600 mães e crianças.

Em uma manhã do fim de julho, uma das reuniões começou quando, com um megafone, o chefe dos agentes de saúde perguntou: "Quem sabe como se pega malária"? Alguém respondeu: "Claro que sei. Através de mordidas de mosquitos". O agente disse então: "Está certo. Mas quando os mosquitos estão mais propensos a morder e passar malária para seu filho?".

Essa é a chance de explicar que os mosquiteiros podem prevenir a transmissão de malária, mas apenas se as crianças estiverem protegidas durante o pôr-do-sol, quando os mosquitos estão mais ativos.

Não há nada de abstrato nessas reuniões. As conversas são seguidas por consultas médicas com as mães e os filhos com menos de cinco anos que apresentam sinais de malária. Depois, há uma triagem. Pessoas com sintomas são encaminhadas para serem diagnosticadas; um teste rápido descartável que requer apenas algumas gotas de sangue é usado. Os que não têm sinais ou sintomas recebem mosquiteiros. Os outros, que têm sintomas, ganham a rede protetora se o teste dá negativo ou uma combinação de tratamento e o mosquiteiro se resultado for positivo.

Entre maio e o fim de julho, cerca de 9 mil pessoas participaram das atividades desenvolvidas pelas equipes móveis. Mais de 25 vilarejos foram visitados e mais de 4,6 mil mosquiteiros foram distribuídos.

Apesar dos mosquiteiros e tratamentos combinados serem medidas laterais cruciais no programa nacional de malária desenvolvido pelo Fundo Global, até então nenhuma rede de proteção ou medicamentos havia sido distribuído para pacientes fora de clínicas mantidas por ONGs ou pela Unicef.

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