Alagoas: situação humanitária melhora, mas necessidades permanecem elevadas

MSF oferece ajuda psicológica e melhora as condições de vida das vítimas da enchente

Depois da tragédia causada pelas chuvas em junho, muitas das famílias afetadas em Alagoas tiveram que lidar com problemas de saúde mental e enfrentar condições precárias de vida. Com o objetivo de aliviar o sofrimento dessa população, logo após a catástrofe (26/6) MSF enviou uma equipe para avaliar a situação e oferecer o suporte necessário. Atualmente, três tendas de MSF estão em funcionamento, com foco especial em suporte psicológico às vítimas. Além das consultas realizadas nas tendas, a equipe também visita casas, acampamentos e abrigos coletivos. 

Um dos psicólogos da equipe MSF, Gúpi Munhoz, conta a história de uma paciente, que teve sua casa varrida pela enchente e está alojada na casa de sua filha, entrou num estado de profunda apatia e ficou quatro dias sem comer: “Notamos Luísa com uma expressão de quem vê um vazio muito grande na vida e não sabe por onde começar a preenchê-lo. Numa aproximação acolhedora, dona Luísa se viu amparada e conseguiu expor em palavras o que vivenciou e estava vivenciando, expressando verbalmente toda sua dor e sofrimento. Este é um caso típico dentre muitos outros que são atendidos diariamente, seja na tenda, num espaço improvisado dos abrigos ou na própria casa do paciente ”, conta Gúpi.

Cerca de 150 consultas já foram realizadas nos municípios de Branquinha e Murici e a demanda por esse tipo de atendimento tem crescido. Para que as atividades de saúde mental continuem atendendo as necessidades da população, MSF tem oferecido apoio técnico, orientação de planejamento e treinamento em situações de emergência para atores locais. Outra preocupação da equipe é com os efeitos da tragédia na população infantil, por isso todas as tendas possuem um espaço especial para atividades lúdicas utilizando brinquedos. 

Para melhorar as condições de vida da população, MSF construiu um bloco com cinco latrinas, adaptou vários tanques de água, construiu locais para banho e preparou 500 kits de higiene (220 deles já distribuídos), que contém itens como: sabonete, toalha, bacias, escova de dente. Um segundo bloco com mais cinco latrinas deve ser construído nos próximos dias perto do conjunto de armazéns que serve de abrigo.  

Em Murici, onde as condições de vida eram mais críticas, algumas famílias já foram transferidas para reduzir a superlotação que afetava principalmente os armazéns. Os próximos serão os que se encontram nos abrigos da Usina São Simeão e “Ginásio”. De qualquer modo, MSF vai manter suas atividades de melhora da qualidade e quantidade da água nesses locais, instalando torneiras e tanques de abastecimento.

Na parte médica, as atividades de monitoramento epidemiológico prosseguem. Apesar dos casos de diarreia, leptospirose e dengue terem aumentado, continuam dentro dos parâmetros anteriores ao evento. MSF também continua atenta para as necessidades em outros municípios e reavaliou a situação em União dos Palmares, Rio Largo, Santana do Mundaú e Quebrangulo. Em União dos Palmares uma avaliação de água e saneamento está sendo planejada e em Quebrangulo atividades de aconselhamento da equipe local de saúde mental devem acontecer esta semana. 

Além das atividades de auxílio e da transmissão de experiência para atores locais, MSF continua participando de encontros com autoridades para estimular e influenciar estratégias voltadas para a população afetada. 

A missão de MSF conta atualmente com sete profissionais brasileiros, além de quatro psicólogos locais recrutados e treinados para trabalhar nesse projeto.

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