8 provas de que as taxas de utilização para serviços de saúde são prejudiciais

8 provas de que as taxas de utilização para serviços de saúde são prejudiciais

1.    As pessoas morrem ou ficam mais doentes

Quando as pessoas simplesmente não têm meios para pagar taxas de utilização para cuidados de saúde formais ou informais, elas são impedidas ou dificultadas de receber cuidados e, com isso, não são tratadas a tempo. Isso pode levar à morte ou à complicação de doenças tratáveis, como a malária, e pode acontecer mesmo quando pequenas quantias são solicitadas.

Exemplo real: Na República Democrática do Congo (RDC), uma pesquisa de MSF em 2017 na zona de saúde de Bili, Ubangi do Norte, mostrou que em 25% dos casos de doenças que precederam a morte, nenhum atendimento foi buscado. Desses, 27% foram atribuídos a falta de dinheiro.

2.    As pessoas recebem tratamentos fora dos padrões ou incompletos

Quando medicamentos e tratamentos são inacessíveis, as pessoas podem obter tratamentos menos eficazes ou não o pacote completo de cuidados que precisam.

Exemplo real: Num centro de saúde do Malaui, algumas mães recebem apenas metade das pílulas necessárias para tratar seus filhos contra a malária, uma vez que não conseguem pagar o valor total (equivalente a 30 reais por pílula), colocando a vida das crianças em risco.

3.    A prevenção de doenças é reduzida

Quando as pessoas são chamadas a pagar por serviços de prevenção, como testes de vacinação ou triagem, elas ficam mais propensas a se isolarem, colocando a si mesmos ou a outros em risco, especialmente se eles vivem com doenças transmissíveis.

Exemplo real: Na República Centro-Africana (RCA), uma mulher grávida é convidada a pagar o equivalente a 9 reais para um teste de HIV, mas muitas vezes não pode arcar com esse custo.

4.    O tratamento de doenças que requerem cuidados durante um período longo de tempo, torna-se mais complexo e, em última análise, mais caro

Pacientes que necessitam de tratamentos longos, ininterruptos ou repetidos e de serviços de saúde prioritários fundamentais, como tratamento para HIV, tuberculose (TB), malária e cuidados materno-infantis, deixam de buscar os cuidados necessários devido aos custos recorrentes.

Exemplo real: Cerca de um em cada quatro pacientes com HIV hospitalizados nas enfermarias de MSF em Kinshasa (RDC) morre porque a doença já está muito avançada quando os pacientes buscam cuidados. Mais da metade desses pacientes estavam anteriormente em tratamento, mas o interromperam, sendo a falta de dinheiro um dos principais motivos.

5.    As pessoas empobrecem

Existem inúmeros exemplos de pessoas que têm que pedir dinheiro emprestado ou vender pertences para pagar por cuidados de saúde, empobrecendo toda a família.

Exemplo real: Em um estudo realizado por MSF em cinco distritos no Afeganistão, 44% das pessoas que procuraram cuidados tiveram que pedir dinheiro emprestado ou vender algum pertence para serem tratadas.

6.    Os pacientes são retidos nas instalações de saúde até pagarem

Por mais absurdo que isso pareça, existem inúmeros exemplos de pessoas que são mantidas já em condições de boa saúde nas instalações médicas até pagarem as taxas que devem.

Exemplo real: Em uma área rural da RDC, uma mãe e seu bebê não podem deixar o hospital até pagarem o equivalente a 125 reais por uma cesariana de emergência que salvou suas vidas.

7.    As epidemias passam despercebidas ou não são relatadas, atrasando a resposta

Quando as pessoas decidem não procurar cuidados ou atrasam sua visita às instalações de saúde, aumenta o risco de expansão e transmissão contínua de doenças nas comunidades.

Exemplo real: Durante o recente surto de Ebola em Likati, RDC (agosto de 2017), a introdução de cuidados de saúde gratuitos pelas autoridades de saúde levou a um aumento no número de consultas ambulatoriais e admissões hospitalares, o que, por sua vez, permitiu uma melhor detecção de casos suspeitos.

8.    É mais difícil para grupos vulneráveis acessar serviços de saúde

Grupos vulneráveis como idosos, pessoas pobres, refugiados, mulheres e crianças geralmente serão os mais afetados pelas taxas de utilização, pois têm menos acesso a serviços, menos condições ou menos direitos.

Exemplo real: Um refugiado na Jordânia parou o tratamento para uma doença não-transmissível porque não pode pagar as taxas (76 reais por consulta).
 

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