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Forçados a fugir do Triângulo Norte da América Central
Cerca de 500 mil pessoas cruzam a fronteira rumo ao México todos os anos. A maioria que compõem esse fluxo massivo de migração forçada é originária de El Salvador, Honduras e Guatemala, países conhecidos como o Triângulo Norte da América Latina (TNAC), hoje, uma das regiões mais violentas do mundo.
Desde 2012, Médicos Sem Fronteiras (MSF) oferece cuidados médicos e de saúde mental a dezenas de milhares de migrantes e refugiados que fogem da violência extrema no TNAC e viajam ao longo do maior corredor migratório do mundo no México. Por meio de pesquisas de avaliação da violência e consultas médicas e psicossociais, as equipes de MSF testemunharam e documentaram um padrão de deslocamento violento, perseguições, violência sexual e repatriação forçada semelhantes àqueles encontrados nos conflitos armados mais mortais do mundo atualmente. (Fotos: Marta Soszynska/MSF)
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Migrantes chegam ao abrigo Albergue 72, localizado na cidade de Tenosique, a aproximadamente 70 quilômetros da fronteira com a Guatemala. A maioria das pessoas que chegam até aqui passaram até quatro dias andando pela floresta para chegar ao México. O abrigo está localizado em uma das principais rotas de migração em direção aos Estados Unidos.
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Migrantes caminham em frente ao abrigo na cidade de Tenosique, o primeiro alojamento desse trecho da rota que começa na fronteira com a Guatemala, a cerca de 70 quilômetros. Com o aumento da taxa de detenção por parte das autoridades migratórias em Tapachula, antigamente, o ponto mais conhecido da travessia da fronteira, a rota de Tenosique se tornou mais frequentada nos últimos dois anos.
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Gloria descansa seus pés, cobertos de bolhas, depois de ela e seu marido, William, andarem mais de 60 quilômetros pela floresta da fronteira guatemalteca. Foram quatro dias de caminhada quase ininterrupta para chegar até o abrigo. Na última noite, eles foram atacados, espancados e roubados por homens armados. Quase 70% dos migrantes relatam terem sido vítimas da violência durante a travessia até os Estados Unidos.
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William carrega Gloria até a delegacia, onde vão denunciar uma agressão sofrida no percurso da fronteira guatemalteca até o México. Para Glória, é a primeira tentativa de chegar aos Estados Unidos – sua irmã e uma prima já vivem no país. Seu marido, William, percorreu a rota há seis anos. Ele foi sequestrado por narcotraficantes no estado de Tamaulipas. Ele foi torturado e viu outros migrantes serem mortos. William conseguiu escapar com outras cinco pessoas, mas foi deportado quase imediatamente depois de chegar aos Estados Unidos. Tanto Gloria como William tiveram que sair de Honduras devido a ameaças de morte por parte das maras (gangues locais).
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Gloria e seu marido, William, são acompanhados até a delegacia pelo diretor do abrigo de migrantes em Tenosique. Em apenas três meses (de janeiro a março de 2017), o abrigo relatou 50 casos de agressões à mão armada direcionados a migrantes nesse trecho da rota. Um quarto de todas as consultas de MSF no abrigo de migrantes está relacionado a ferimentos físicos.
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A maioria daqueles que tentam fazer a travessia, especialmente os menores de idade, não tem informação alguma sobre a dimensão do trajeto, a assistência disponível e os seus direitos durante o trânsito. Anabel, agente comunitária de MSF, explica informações básicas para um grupo de migrantes recém-chegados.
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A psicóloga de MSF Nadia Rivera verifica sua paciente M, que ficou grávida após ser estuprada em Honduras. M decidiu fugir de seu país por medo de seu perpetrador descobrir sobre a gravidez. Ela foi deportada na primeira vez em que M tentou atravessar a fronteira para o México, quando estava grávida de seis meses. M tentou de novo, um mês depois, e conseguiu chegar ao abrigo de migrantes de Tenosique. “Não é raro ver mulheres grávidas percorrendo a rota próximo à data de nascimento do bebê. Elas acreditam que a gravidez vai protegê-las de potenciais atos violentos, e que crianças nascidas em solo mexicano vão ter nacionalidade mexicana. Mas é claro que essas mulheres ficam extremamente vulneráveis no percurso”, explica Nadia.
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Mães no abrigo de migrantes de Tenosique.
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Nadia Rivera, psicóloga de MSF, com duas de suas jovens pacientes. Ambas são sobreviventes de violência sexual em Honduras.
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Maria Antonia Contreras Tino, médica de MSF, examina uma paciente da Guatemala, que acaba de chegar a Tenosique após quatro dias andando pela floresta (aproximadamente 70 quilômetros no total). “Muitas mulheres que viajam por essa rota se tornam objetos sexuais”, diz Maria. “Prestamos uma atenção especial para garantir que nossas pacientes saibam a importância de identificar o que é violência sexual, e também para oferecer às sobreviventes cuidados médicos e psicológicos abrangentes”.
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Anabel Córdoba, agente comunitária de MSF, consola uma das mulheres que espera por uma consulta com um psicólogo no abrigo de migrantes de Tenosique. Uma em cada dez mulheres entrevistadas por MSF foi vítima de estupro durante seu trânsito pelo México.
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Crianças no abrigo de migrantes em Tenosique. Quase 13% das crianças com menos de 11 anos de idade foram registradas como menores que viajam desacompanhados pelo México (sem nenhum familiar adulto, cuidador ou responsável).
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O antebraço da adolescente de 16 anos E está marcado por cortes feitos por ela mesma. E foi forçada a vender drogas em Honduras por um parceiro abusivo, e sofreu abusos físicos e psicológicos. Depois de ser ameaçada de morte, ela decidiu fugir para o México. Ela viajou com uma “amiga”, também menor de idade. Depois que E começou a se consultar com um psicólogo de MSF no abrigo de migrantes, ela conseguiu parar de se cortar.
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Uma mulher descansa com sua neta durante uma sessão de MSF de apoio a mulheres no abrigo de migrantes de Tenosique.
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As equipes de saúde mental de MSF são formadas por um médico, um psicólogo e um agente comunitário. Da esquerda para a direita, a dra. Maria Antonia Contreras, a agente comunitária Anabel Córdoba e a psicóloga Nadia Rivera.
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Ottoniel, da Guatemala, está tentando atravessar a fronteira para os Estados Unidos pela quarta vez. Sua primeira tentativa foi há nove anos. Ele foi detido por oficiais de imigração no Texas e deportado de volta para a Guatemala. Ele diz que a rota ficou muito mais perigosa desde então. Em sua segunda tentativa, ele foi obrigado a traficar uma mochila cheia de drogas, um método comum usado por migrantes que não têm dinheiro para pagar um “coiote” (traficante). “A fronteira (entre o México e os Estados Unidos) está se tornando perversa. Eu garanto que em breve será muito mais difícil atravessar a fronteira, e por isso estou tentando de novo agora. Os traficantes cobravam entre 35-40 mil pesos (aproximadamente 2 mil dólares). Agora, esse preço dobrou”.
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O dr. Adrian Avila, de MSF, atende um dos migrantes.
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Reginaldo, de Honduras, é paciente do Centro de MSF para Vítimas de Violência Extrema. Seu filho foi assassinado por uma gangue local após se recusar a pagar uma “taxa” imposta a todos os negócios da área. Depois, Reginaldo também foi baleado e escapou por pouco de ser assassinado pela gangue. Ele deixou para trás seus negócios, sua terra e sua família – uma esposa em estágio de gravidez avançado e uma filha de dez anos. Em sua rota pelo México, Reginaldo testemunhou mais violência por parte de grupos armados e autoridades de migração. Ele foi trancado em um centro de detenção para migrantes, onde sofreu ataques de ansiedade devido ao isolamento prolongado. Por fim, ele foi encaminhado para MSF e começou a receber tratamento médico e psicológico no centro.
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Atualmente, Reginaldo ganha a vida trabalhando em uma construção. Ele solicitou asilo e está tentando trazer a família para o México. Em Honduras, eles ainda enfrentam ameaças de morte.
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Benigno Diaz, psicólogo de MSF, prepara um workshop psicossocial para crianças. “Na rota de migração, as crianças são expostas a níveis de estresse e violência que nem os adultos conseguem suportar. Por isso é tão importante avaliar essas emoções com um psicólogo, em um ambiente seguro”.
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“O tratamento psicológico me ajudou muito a ‘funcionar’ novamente como um ser humano normal”, Reginaldo, 51 anos, de Honduras, durante sessão de tratamento com a psicóloga de MSF Angélica Carrillo.
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Ala de mulheres do abrigo para migrantes de Tenosique. Cerca de um terço das mulheres que percorrem o México sofrem abusos sexuais, de acordo com uma pesquisa de MSF.
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Migrantes chegam ao abrigo Albergue 72, localizado na cidade de Tenosique, a aproximadamente 70 quilômetros da fronteira com a Guatemala. A maioria das pessoas que chegam até aqui passaram até quatro dias andando pela floresta para chegar ao México. O abrigo está localizado em uma das principais rotas de migração em direção aos Estados Unidos.
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Migrantes caminham em frente ao abrigo na cidade de Tenosique, o primeiro alojamento desse trecho da rota que começa na fronteira com a Guatemala, a cerca de 70 quilômetros. Com o aumento da taxa de detenção por parte das autoridades migratórias em Tapachula, antigamente, o ponto mais conhecido da travessia da fronteira, a rota de Tenosique se tornou mais frequentada nos últimos dois anos.
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Gloria descansa seus pés, cobertos de bolhas, depois de ela e seu marido, William, andarem mais de 60 quilômetros pela floresta da fronteira guatemalteca. Foram quatro dias de caminhada quase ininterrupta para chegar até o abrigo. Na última noite, eles foram atacados, espancados e roubados por homens armados. Quase 70% dos migrantes relatam terem sido vítimas da violência durante a travessia até os Estados Unidos.
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William carrega Gloria até a delegacia, onde vão denunciar uma agressão sofrida no percurso da fronteira guatemalteca até o México. Para Glória, é a primeira tentativa de chegar aos Estados Unidos – sua irmã e uma prima já vivem no país. Seu marido, William, percorreu a rota há seis anos. Ele foi sequestrado por narcotraficantes no estado de Tamaulipas. Ele foi torturado e viu outros migrantes serem mortos. William conseguiu escapar com outras cinco pessoas, mas foi deportado quase imediatamente depois de chegar aos Estados Unidos. Tanto Gloria como William tiveram que sair de Honduras devido a ameaças de morte por parte das maras (gangues locais).
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Gloria e seu marido, William, são acompanhados até a delegacia pelo diretor do abrigo de migrantes em Tenosique. Em apenas três meses (de janeiro a março de 2017), o abrigo relatou 50 casos de agressões à mão armada direcionados a migrantes nesse trecho da rota. Um quarto de todas as consultas de MSF no abrigo de migrantes está relacionado a ferimentos físicos.
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A maioria daqueles que tentam fazer a travessia, especialmente os menores de idade, não tem informação alguma sobre a dimensão do trajeto, a assistência disponível e os seus direitos durante o trânsito. Anabel, agente comunitária de MSF, explica informações básicas para um grupo de migrantes recém-chegados.
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A psicóloga de MSF Nadia Rivera verifica sua paciente M, que ficou grávida após ser estuprada em Honduras. M decidiu fugir de seu país por medo de seu perpetrador descobrir sobre a gravidez. Ela foi deportada na primeira vez em que M tentou atravessar a fronteira para o México, quando estava grávida de seis meses. M tentou de novo, um mês depois, e conseguiu chegar ao abrigo de migrantes de Tenosique. “Não é raro ver mulheres grávidas percorrendo a rota próximo à data de nascimento do bebê. Elas acreditam que a gravidez vai protegê-las de potenciais atos violentos, e que crianças nascidas em solo mexicano vão ter nacionalidade mexicana. Mas é claro que essas mulheres ficam extremamente vulneráveis no percurso”, explica Nadia.
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Mães no abrigo de migrantes de Tenosique.
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Nadia Rivera, psicóloga de MSF, com duas de suas jovens pacientes. Ambas são sobreviventes de violência sexual em Honduras.
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Maria Antonia Contreras Tino, médica de MSF, examina uma paciente da Guatemala, que acaba de chegar a Tenosique após quatro dias andando pela floresta (aproximadamente 70 quilômetros no total). “Muitas mulheres que viajam por essa rota se tornam objetos sexuais”, diz Maria. “Prestamos uma atenção especial para garantir que nossas pacientes saibam a importância de identificar o que é violência sexual, e também para oferecer às sobreviventes cuidados médicos e psicológicos abrangentes”.
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Anabel Córdoba, agente comunitária de MSF, consola uma das mulheres que espera por uma consulta com um psicólogo no abrigo de migrantes de Tenosique. Uma em cada dez mulheres entrevistadas por MSF foi vítima de estupro durante seu trânsito pelo México.
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Crianças no abrigo de migrantes em Tenosique. Quase 13% das crianças com menos de 11 anos de idade foram registradas como menores que viajam desacompanhados pelo México (sem nenhum familiar adulto, cuidador ou responsável).
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O antebraço da adolescente de 16 anos E está marcado por cortes feitos por ela mesma. E foi forçada a vender drogas em Honduras por um parceiro abusivo, e sofreu abusos físicos e psicológicos. Depois de ser ameaçada de morte, ela decidiu fugir para o México. Ela viajou com uma “amiga”, também menor de idade. Depois que E começou a se consultar com um psicólogo de MSF no abrigo de migrantes, ela conseguiu parar de se cortar.
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Uma mulher descansa com sua neta durante uma sessão de MSF de apoio a mulheres no abrigo de migrantes de Tenosique.
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As equipes de saúde mental de MSF são formadas por um médico, um psicólogo e um agente comunitário. Da esquerda para a direita, a dra. Maria Antonia Contreras, a agente comunitária Anabel Córdoba e a psicóloga Nadia Rivera.
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Ottoniel, da Guatemala, está tentando atravessar a fronteira para os Estados Unidos pela quarta vez. Sua primeira tentativa foi há nove anos. Ele foi detido por oficiais de imigração no Texas e deportado de volta para a Guatemala. Ele diz que a rota ficou muito mais perigosa desde então. Em sua segunda tentativa, ele foi obrigado a traficar uma mochila cheia de drogas, um método comum usado por migrantes que não têm dinheiro para pagar um “coiote” (traficante). “A fronteira (entre o México e os Estados Unidos) está se tornando perversa. Eu garanto que em breve será muito mais difícil atravessar a fronteira, e por isso estou tentando de novo agora. Os traficantes cobravam entre 35-40 mil pesos (aproximadamente 2 mil dólares). Agora, esse preço dobrou”.
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O dr. Adrian Avila, de MSF, atende um dos migrantes.
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Reginaldo, de Honduras, é paciente do Centro de MSF para Vítimas de Violência Extrema. Seu filho foi assassinado por uma gangue local após se recusar a pagar uma “taxa” imposta a todos os negócios da área. Depois, Reginaldo também foi baleado e escapou por pouco de ser assassinado pela gangue. Ele deixou para trás seus negócios, sua terra e sua família – uma esposa em estágio de gravidez avançado e uma filha de dez anos. Em sua rota pelo México, Reginaldo testemunhou mais violência por parte de grupos armados e autoridades de migração. Ele foi trancado em um centro de detenção para migrantes, onde sofreu ataques de ansiedade devido ao isolamento prolongado. Por fim, ele foi encaminhado para MSF e começou a receber tratamento médico e psicológico no centro.
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Atualmente, Reginaldo ganha a vida trabalhando em uma construção. Ele solicitou asilo e está tentando trazer a família para o México. Em Honduras, eles ainda enfrentam ameaças de morte.
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Benigno Diaz, psicólogo de MSF, prepara um workshop psicossocial para crianças. “Na rota de migração, as crianças são expostas a níveis de estresse e violência que nem os adultos conseguem suportar. Por isso é tão importante avaliar essas emoções com um psicólogo, em um ambiente seguro”.
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“O tratamento psicológico me ajudou muito a ‘funcionar’ novamente como um ser humano normal”, Reginaldo, 51 anos, de Honduras, durante sessão de tratamento com a psicóloga de MSF Angélica Carrillo.
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