Chegada ao Afeganistão para o primeiro projeto com MSF – parte 2

A enfermeira Erica Cravo conta sua experiência em sua primeira missão, no Afeganistão

Chegada ao Afeganistão para o primeiro projeto com MSF – parte 2
Depois de alguns meses vivendo em Lashkar Gah, em um inverno muito frio, a primavera finalmente chegou e mudou completamente o cenário, trazendo flores delicadas em nosso jardim e diferentes tipos de pássaros cantando e competindo com o barulho de helicópteros militares sobrevoando o complexo onde moramos e orações de mesquitas ao redor. É interessante ver com que rapidez e clareza as estações mudam: alguns dias de chuva, seguidos de alguns dias de sol para transformar nosso complexo.
 
Tudo parece mais vivo agora. Folhas e frutas apareceram nas árvores, as rosas nasceram criando um jardim colorido, onde a equipe agora fica feliz em passar horas durante o fim de semana. Rimos muito, o que é necessário para drenar a tensão causada pelo trabalho intensivo ao longo da semana. Estar com pessoas de todas essas nacionalidades me faz pensar que vivo em um mundo muito pequeno. É incrível ver o quanto temos em comum (cultura, pensamentos etc), embora vivamos em diferentes continentes.
 
A equipe está realmente comprometida com o seu trabalho e trabalha duro para melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes. Tentamos encontrar a melhor maneira de nos acostumar com nossas novas rotinas, e isso não é fácil; muitos de nós estamos em nosso primeiro projeto com MSF. Precisamos de muita criatividade para conseguir o necessário, mas acho que lidamos muito bem com os desafios.
 
Recebemos pessoas que realmente precisam de tratamento. A maioria delas vem de áreas rurais de Lashkar Gah e de toda a província. Elas não têm acesso a clínicas particulares, por isso estamos de portas abertas para oferecer tratamento gratuito a elas.
 
Quando ando por esse hospital lotado, as pessoas olham para mim com curiosidade. As crianças olham para mim com olhos grandes e, quando eu aceno para dizer olá, elas respondem com um sorriso grande e tímido. Nas enfermarias, os cuidadores vêm e me pedem para verificar a saúde de seus parentes, enquanto esperam que um médico os examine. Algumas mulheres até seguram meu casaco para chamar minha atenção, esperando que eu as ajude. Todos nós realmente fazemos o que podemos. 
 
No centro de terapia ocupacional, recebemos muitas pessoas da sala de emergência, bem como pacientes que necessitam de laparotomias, colecistectomias ou têm cálculos renais e casos pequenos. Mas a maioria dos nossos pacientes sofreram queimaduras, especialmente crianças, que vêm ao hospital para desbridamento e curativos. Também recebemos casos de emergência do departamento de maternidade. Geralmente, são encaminhados por causa de rupturas uterinas e descolamento de placenta. Quando isso acontece, temos que correr para estabilizar a mãe e o bebê o mais rápido possível.
 
Meu trabalho é garantir que esses pacientes tenham uma cirurgia segura e obtenham o melhor tratamento. Eu também tenho que organizar todo o processo dentro do centro de terapia ocupacional: gerenciar a comunicação entre enfermeiros e cirurgiões, verificar a higiene, a qualidade dos instrumentos e equipamentos, garantir anestesia segura, implementar protocolos de MSF.

MSF está fazendo um ótimo trabalho aqui!

 
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