Doença do sono

A Tripanossomíase Humana Africana (HAT, na sigla em inglês), ou doença do sono, é uma infecção parasitária encontrada na África subsaariana e transmitida pela mosca tsé-tsé.

Geralmente conhecida como doença do sono, a Tripanossomíase Humana Africana é uma infecção parasitária transmitida por moscas tsé-tsé. Essas moscas podem ser encontradas em 36 países da África subsaariana, colocando em risco cerca de 55 milhões de pessoas no período 2016–2020; destas, 3 milhões de pessoas em risco moderado ou alto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A infecção ataca o sistema nervoso central, causando distúrbios neurológicos graves. Pode levar ao coma e, se não tratada, é fatal.

1.

Definição

De acordo com a OMS, mais de 95% dos casos reportados são causados pelo parasita trypanosoma brucei gambiense, encontrado nas regiões oeste e central da África. O restante dos casos é causado pelo trypanosoma brucei rhodesiense, encontrado nas regiões leste e sul da África. Os casos de tripanossomíase humana africana foram reduzidos de 37 mil novos casos em 1999 para menos de mil casos reportados em 2019.

 

2.

Causa

O parasita que causa a doença do sono é transmitido para humanos por moscas tsé-tsé infectadas, que procriam em regiões quentes e úmidas. Habitando a vasta savana da África subsaariana, as moscas entram em contato com as pessoas, com o gado e com animais selvagens, todos agindo como hospedeiros dos parasitas trypanosoma.

Embora a doença seja transmitida principalmente através da mordida de uma mosca tsé-tsé infectada, há outras maneiras pelas quais as pessoas são infectadas:

 

– Infecção de mãe para filho: o trypanosoma pode atravessar a placenta e infectar o feto.

– É possível a transmissão mecânica através de outros insetos sugadores de sangue, porém é difícil avaliar seu impacto epidemiológico.

– Ocorreram infecções acidentais em laboratórios devido a picadas com agulhas contaminadas.

– A transmissão do parasita através do contato sexual já foi documentada.

3.

Sintomas

Os sintomas geralmente aparecem poucos meses ou semanas após a infecção. Entretanto, podem ser mínimos ou intermitentes durante os primeiros meses, dependendo da região onde a infecção ocorreu pois a tripanossomíase do leste da África tem período de incubação diferente daquele da tripanossomíase da África Ocidental.

4.

Diagnóstico

É difícil diagnosticar a doença do sono antes do segundo estágio devido aos sintomas não específicos do estágio inicial. Uma vez que o parasita é detectado, é necessário fazer uma punção lombar para examinar o líquido cérebro-espinhal do paciente. Isso vai determinar a presença do parasita, o estágio da doença, e fornecerá a informação sobre o tipo de tratamento necessário.

5.

Tratamento

Por muito tempo, o tratamento da doença do sono foi feito com um medicamento derivado do arsênico que, de tão tóxico, leva à morte um a cada 20 pacientes.

Um estudo encabeçado pela Iniciativa de Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi), iniciado em 2012, permitiu o desenvolvimento do novo medicamento fexinidazol, totalmente oral e sem graves efeitos colaterais. Seu uso foi aprovado em novembro de 2018, representando uma nova página no tratamento da doença do sono.

Médicos Sem Fronteiras é membro-fundadora da DNDi, uma organização sem fins lucrativos dedicada à pesquisa e ao desenvolvimento de novos tratamentos para doenças negligenciadas.

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Atividades

MSF é um dos principais responsáveis pelo suprimento e pela distribuição de medicamentos utilizados para combater a doença do sono no mundo. Os esforços de prevenção, como o controle vetorial, são cruciais para manter a doença do sono sob controle. No entanto, os testes exaustivos demandam um grande investimento em recursos humanos e materiais.

Entre 1986 e 2019, MSF examinou quase 3,5 milhões de pessoas para a doença do sono e tratou mais de 50 mil pacientes em sete países (Angola, Sudão do Sul, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Congo Brazzaville, Uganda e Chade).

Esta página foi atualizada em fevereiro de 2022.

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