Violência continua fazendo vítimas em Jonglei, no Sudão do Sul

Cerca de 100 mil pessoas precisam de cuidados médicos essenciais

Estima-se que 100 mil pessoas ainda estejam sem acesso adequado a cuidados médicos de emergência, cerca de três semanas após o mais recente deslocamento em massa rumo ao interior da mata para escapar da violência no estado de Jonglei, no Sudão do Sul. A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) alcançou, com sucesso, algumas dessas pessoas; no entanto, a resposta humanitária permanece aquém das necessidades.

Esse deslocamento massivo da população, que teve início em maio deste ano, é resultado de uma combinação dos confrontos sectários cíclicos na região e do simultâneo e violento conflito entre o Exército do Sudão do Sul (SPLA) e a milícia armada David Yau Yau.

“Desde domingo, 21 de julho, as clínicas móveis de MSF realizaram mais de 700 consultas na mata ao sul de Pibor, tratando, principalmente, infecções respiratórias, malária e outras questões gerais de saúde resultantes do esconderijo em condições como essa há tanto tempo”, afirma a coordenadora de emergência de MSF Katrin Kisswani. “Muitos de nossos pacientes nos contam que ainda têm medo de voltar às cidades, apesar das precárias condições na mata, resultado da estação chuvosa em curso.”

Outras pessoas, que também estavam escondidas na mata, começaram a chegar à outra clínica de MSF, em Gumuruk. “Eles chegam com quase nada”, conta Katrin. “Estamos tratando cerca de 100 pacientes por dia e a expectativa é de que o número aumente. Desde 19 de julho, alguns – quase todos mulheres e crianças – chegaram com ferimentos que têm, claramente, muitos dias.”Alguns pacientes demonstram, também, sinais de trauma mental. A clínica de Gumuruk é atualmente a única estrutura de saúde em funcionamento na província de Pibor, depois que o hospital de MSF na cidade de Pibor foi destruído em maio.

Nos últimos dias, mais de 25 mil pessoas chegaram ao vilarejo de Gumuruk, deixando seus esconderijos na mata para buscar assistência. Até o momento, as agências de ajuda não foram capazes de atender à maioria de suas necessidades mais básicas.

Nos dias que se seguiram imediatamente aos últimos confrontos sectários, MSF recebeu 248 pacientes no hospital da capital do estado, Bor, incluindo 129 feridos. Três outros feridos de outro lugar foram referidos para um hospital de MSF em Leer, no estado de Unity, próximo dali. Desde 16 de julho, à medida que a violência migrou rumo ao norte, MSF recebeu 21 pacientes feridos em seu hospital em Lankien, oito dos quais foram encaminhados para Leer ou Bor.
 
MSF está extremamente preocupada tanto com as milhares de pessoas escondidas na mata com acesso limitado a cuidados de saúde, quanto com aqueles que chegam a Gumuruk com praticamente nada. MSF pede que todas as partes respeitem e facilitem a oferta de ajuda humanitária àqueles que dela precisam no estado de Jonglei.
 
MSF atua no estado de Jonglei desde 1993. A organização oferece cuidados de saúde primária e secundária em seus centros de saúde nas províncias de Pibor, Uror e Nyirol, bem como cuidados médicos de emergência, quando necessários, em resposta a surtos de violência. Em 2012, MSF conduziu 130.692 consultas ambulatoriais no estado.

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