Médicos Sem Fronteiras faz ato em Copacabana para lembrar um mês de bombardeio a hospital no Afeganistão

Evento reuniu profissionais e apoiadores da organização

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Hoje (3/11) completa um mês que uma série de bombardeios destruiu o hospital da organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão. Para marcar a data do ataque que matou 30 pessoas até o momento e evitar que essa tragédia seja esquecida, profissionais e apoiadores da organização se reuniram em atos públicos em todo o mundo. No Brasil, a manifestação foi realizada na praia de Copacabana.

Suportes de soro iluminados com luzes vermelhas foram espalhados pela areia de Copacabana, na altura do Posto 5, enquanto os participantes carregaram luzes brancas para lembrar os profissionais e pacientes que perderam suas vidas no bombardeio. “Com este ato, além de prestar uma homenagem às vítimas, queremos lembrar que em qualquer conflito armado, de acordo com o Direito Internacional Humanitário, as instalações de saúde devem ser poupadas. Até as guerras têm regras”, disse Susana de Deus, diretora-geral de MSF-Brasil. “Os Estados Unidos já assumiram a autoria dos ataques e se desculparam, mas é preciso ir além. É preciso uma investigação independente que aponte exatamente o que ocorreu para que outras tragédias como essa deixem de acontecer.”

O médico Alexandre Fonseca, que trabalhou no hospital de MSF em Kunduz entre janeiro e setembro de 2013, ressaltou a importância das leis de guerra. “O respeito a essa legislação internacional é a maior proteção que nós, profissionais humanitários, e os pacientes, podemos contar em meio a uma zona de conflito”, disse. Assim como Alexandre, outros profissionais de MSF que já trabalharam no Afeganistão estiveram presentes no ato.

A Comissão Internacional Humanitária para a Apuração dos Fatos (IHFFC, na sigla em inglês), criada pelas Convenções de Genebra, o único órgão permanente estruturado especificamente para investigar violações do Direito Internacional Humanitário, já foi acionada. Entretanto, para que a investigação aconteça, é preciso que as partes envolvidas consintam. “Médicos Sem Fronteiras está fazendo uma mobilização global para sensibilizar os Estados Unidos a consentirem com a investigação, esse esforço poderia ser engrossado pela participação dos países signatários dessa comissão que poderiam também se manifestar publicamente sobre o assunto. Não é aceitável que o mundo se cale diante do desrespeito às leis de guerra, que é o mecanismo que garante que em um conflito armado todas as vítimas tenham acesso a tratamento”, afirmou Susana, lembrando que o Brasil é um dos 76 países signatários da Comissão.

Outras vítimas

O bombardeio deixou toda a população da região de Kunduz – cerca de 300 mil pessoas – sem acesso aos cuidados médicos oferecidos no centro de traumatologia, que contava com 94 leitos.  O hospital era a única instalação do tipo no noroeste do Afeganistão e mantinha mais de 460 profissionais habilitados para oferecer cuidados cirúrgicos, pós-operatórios e de reabilitação de altíssima qualidade. Só em 2014, mais de 22 mil pacientes receberam cuidados no hospital e mais de 5.900 cirurgias foram realizadas.

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