Fístula obstétrica

Fístula obstétrica é uma ruptura no canal vaginal que causa incontinência e leva à exclusão social de milhares de mulheres. Suas principais causas são partos prolongados e obstruídos, especialmente onde o acesso a cuidados obstétricos é restrito.

Nossas equipes trabalham com gestantes para prevenir a ocorrência de fístulas obstétricas, ao mesmo tempo em que tratam mulheres com a condição e oferecem suporte psicológico para ajudá-las a reconstruírem suas vidas.

Embora qualquer mulher possa ser suscetível a fístulas, a maioria dos casos ocorrem países africanos. É um problema amplamente negligenciado, que afeta jovens mulheres que dão à luz em suas casas em regiões remotas e pobres, com acesso limitado, ou nenhum acesso, a cuidados de saúde materna.

O estigma associado à fístula é grande, e, portanto, caso uma mulher sobreviva a um parto complicado e adquira a condição, é comum que ela seja isolada por sua família e comunidade. Essa exclusão social diminui a probabilidade de ela receber tratamento adequado.

1.

Causa

Praticamente todas as ocorrências de fístula são resultantes de partos obstruídos. Em regiões remotas da África, onde há poucos hospitais e parteiras e os cuidados obstétricos são raros, as complicações podem prolongar o parto por dias.

Sem acesso a cesarianas de emergência, essas complicações podem ser fatais. No entanto, se a mulher sobrevive ao parto, é comum que ocorra ferimentos permanentes no canal de parto.

Durante um parto, o nascimento do bebê pode ser interrompido devido ao tamanho da cabeça da criança, muito grande para a pélvis da mãe, ou mesmo ao tamanho da pélvis, que pode ser muito pequena. Um parto também pode ser interrompido se o útero não se contrair adequadamente.

Enquanto a cabeça do bebê pressiona uma parte do canal de parto, o tecido que o reveste eventualmente morre e cria um buraco, a fístula, uma conexão anormal entre a vagina e a bexiga, a vagina e o canal retal, ou ambos. Essa ruptura não é curada naturalmente.

2.

Sintomas

Devido à abertura anormal criada para a bexiga ou para o reto, uma mulher com fístula sofre de constante incontinência urinária e fecal. Os fluidos causam um odor desagradável e podem causar ulcerações ou queimaduras nas pernas da mulher.

Geralmente, as mulheres reduzem drasticamente a ingestão de líquidos, na tentativa de reduzir o fluxo de urina, o que pode resultar em doença renal ou pedras nos rins.

Na maioria dos casos, mulheres com fístulas obstétricas desenvolvem transtornos psicológicos. Devido aos sintomas físicos, elas são constantemente excluídas pela comunidade e abandonadas por seus maridos, que buscarão uma esposa “saudável”.

As complicações durante o parto podem causar, por vezes, danos nervosos, ocasionando a paralisia de uma ou ambas as pernas da mulher ou dificuldades para flexionar os pés – condição conhecida como “pé caído”.

Esses problemas podem isolar ainda mais a mulher, o que, por sua vez, pode levar à desnutrição e a sua exclusão da sociedade.

3.

Tratamento

Com cuidados obstétricos de qualidade as fístulas podem ser prevenidas. Nos países desenvolvidos, por exemplo, a condição desapareceu.

Em alguns casos, um reparo cirúrgico simples pode levar apenas 45 minutos, mas muitas das ocorrências são mais complexas e demandam diversos procedimentos realizados por cirurgiões altamente qualificados. Apenas algumas instituições na África ensinam essas técnicas especializadas.

Após a cirurgia, a paciente precisa manter um cateter ligado à bexiga por algumas semanas e deve fazer exercícios pélvicos para fortalecer os músculos da região.

Felizmente, mulheres que já tiveram a fístula obstétrica reparada podem dar à luz crianças saudáveis no futuro, desde que recebam cuidados de pré-natal adequados.

4.

Prevenção

Treinar parteiras locais para ajudarem as mães a terem partos seguros é essencial. Elas podem avaliar se uma mãe está tendo dificuldades para dar à luz e buscar ajuda antes que seja tarde.

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Atividades

Em 2016, MSF tratou 34 mulheres com fístulas vesicovaginais na República Democrática do Congo e organizou no sul do país um campo onde um cirurgião especialista realizou cirurgias delicadas para reparar as fístulas dessas mulheres.

Já na Nigéria, foram operadas 400 mulheres no mesmo período. MSF também manteve seu programa de fístula emergencial em um hospital no estado de Jigawa, onde 70% das 10.531 mulheres internadas na unidade maternal tiveram gravidez e partos complicados.

O tratamento integral, no entanto, vai além do aspecto cirúrgico. Devido ao estigma associado às fístulas, as equipes de MSF também oferecem cuidados psicológicos para ajudar a reinserir mulheres que tiveram a condição em suas comunidades.

Esta página foi atualizada em fevereiro de 2018.

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